Estratificação vertical da fauna de flebotomíneos (Diptera: Psychodidae) e detecção molecular de Leishmania (Kinetoplastida: Trypanosomatidae) em áreas de florestas nos municípios de Porto Velho e Itapuã D'Oeste, Rondônia, Brasil

Abstract

Os flebotomíneos são pequenos insetos que vivem em ambientes florestais, periurbanos e urbano, possuem importância na saúde pública por atuarem como vetores de diversos patógenos, entre os quais protozoários do gênero Leishmania, causadores da Leishmaniose. No Brasil a infecção por Leishmania já foi registrada em cerca de 20 espécies de flebotomíneos. No estado de Rondônia anualmente é registrado aproximadamente 1.000 casos de Leishmaniose Tegumentar, entretanto ainda existem poucas informações sobre a fauna desses insetos e sua importância epidemiológica. Estudos de estratificação vertical de insetos são importantes para compreender o comportamento das espécies, principalmente daquelas que atuam no ciclo de transmissão de Leishmania. Portanto, este trabalho teve como objetivo avaliar a diversidade desses insetos e a infecção natural por Leishmania em diferentes estratos (copa e solo) em áreas de florestas nos municípios de Porto Velho e Itapuã d’Oeste, estado de Rondônia, Brasil. As atividades de campo foram realizadas de agosto de 2015 a fevereiro de 2016 em três áreas: Santo Antônio, sítio São Vicente e FLONA do Jamari. Os flebotomíneos foram capturados por meio de armadilhas luminosas do tipo CDC e armadilhas de atração por CO2 do tipo BG-Sentinel, posicionadas no solo e na copa das árvores. O material coletado foi transportado para o laboratório de Entomologia da Fiocruz Rondônia, onde foi triado, em seguida os flebotomíneos foram montados em lâminas e identificados. Para detecção de DNA de Leishmania, o tórax e abdômen das fêmeas dos flebotomíneos foram retirados e reunidos em pools de acordo com a espécie, estrato e localidade. Em seguida foi realizada a extração de DNA, seguida de PCR para a região kDNA e hsp70 para detecção e identificação de Leishmania. Os dados foram analisados utilizando o teste de Permanova e números de Hill, por meio da linguagem R. Foram identificados um total de 6.698 espécimes distribuídos em 54 espécies. Foi registrado maior abundância no estrato de copa (n=5.659), em relação ao estrato de solo (n=1.039), porém o estrato de solo apresentou maior diversidade em relação ao estrato copa com uma diferença estatisticamente significativa (p<0,05). As espécies mais abundantes no estrato de solo foram Sciopemyia sordellii (n=153) e Psychodopygus chagasi l. (n=121) e para o estrato de copa Ps. chagasi l. (n=1.962) e Nyssomyia yuilli yuilli (n=709). Trichopygomyia pinna e Ty. wagleyi foram registradas pela primeira vez no estado de Rondônia. Em relação às armadilhas, na CDC foram coletados 4.871 espécimes e a BG-Sentinel 1.827 e a composição faunística foi significativamente diferente (p<0,05). No tocante a taxa de infecção natural, de um total de 276 pools examinados, foi detectada a presença de Leishmania em 12 pools, dos quais somente três tiveram seus perfis identificados, dois de Le. (Vi.) braziliensis e um de Le. (Le.) amazonensis. A partir destes dados observou-se que existe uma modificação do perfil de composição das espécies de flebotomíneos entre os estratos. Trichophoromyia auraensis de Ps. davisi são potenciais vetores no estado de Rondônia.