Elementos morfológicos urbanos na cidade de Porto Velho e as ilhas de calor

Abstract

O município de Porto Velho (RO) possui características espaciais, naturais, culturais e sociais que, em conjunto, contribuem para um importante campo de pesquisa sobre o clima urbano. Como a maioria das cidades brasileiras, Porto Velho (criada no ano de 1914) é oriunda de um crescimento urbano desorganizado. Consequentemente, nas últimas décadas, tem sido registrada uma série de problemas ambientais resultantes dos diferentes ciclos econômicos locais e dos processos desenfreados de urbanização; logo, a capital tem apresentado peculiaridades geográficas (clima urbano, por exemplo) que têm sido objeto de estudos. Esta pesquisa surge, então, com o objetivo principal de analisar a formação das Ilhas de Calor Urbano e a relação com a forma urbana e o desenho urbano. Para isso, realizou-se o levantamento de dados em três momentos distintos, denominados de “Campo I”, “Campo II” e “Campo III”. Nos campos I e II foram coletados dados referentes às temperaturas do ar (bulbo seco e bulbo úmido), à umidade do ar, à direção e intensidade dos ventos e às atividades humanas (fluxo de pedestres e de veículos). Por sua vez, no campo III foram investigados os seguintes dados: uso e ocupação do solo e gabarito das edificações (rugosidade), traçados de ruas e sua orientação, assim como a forma dos lotes. O método de análise, para a obtenção dos referidos dados, fundamentou-se no apoio teórico conceitual do Sistema Clima Urbano (SCU), com ênfase ao subsistema termodinâmico (canal I). Para a coleta de dados dos campos I e II utilizaram-se 10 equipamentos meteorológicos de campo (abrigos de campo e termo-higrômetros), enquanto que para a coleta do campo III realizou-se levantamento de campo in loco. Os resultados mostraram que existe forte relação entre o fenômeno das Ilhas de Calor Urbano e a morfologia e os desenhos urbanos, onde os modelos de planejamento e de gestão urbanos, sem a observância dos princípios do urbanismo bioclimático, contribuíram para que áreas urbanizadas tivessem maiores valores de temperatura do que áreas mais distantes da mancha urbana.