Efeito da época do ano e da suplementação energético-proteica no metabolismo e resposta ovariana de vacas leiteiras criadas no bioma Amazônia

Abstract

O presente trabalho tem como objetivo avaliar as respostas fisiológicas de interesse reprodutivo consequentes do estresse térmico e nutricional. O experimento foi realizado na unidade de pesquisa da EMBRAPA Rondônia, em Porto Velho. Foram utilizadas 12 vacas Girolando lactantes (± 60 dias pós-parto), em estágio aleatório do ciclo estral. As vacas foram submetidas em avaliação de 2 fatores sendo estes: estação chuvosa; estação seca; com e sem suplementação de concentrado em delineamento crossover 2x2. Os animais foram acondicionados em um sistema de lotação intermitente durante o ano de 2016, para passar pela estação seca e chuvosa, todos os tratamentos tiveram a mesma duração. Foram feitas coletas de sangue semanais dos animais para avaliação de cortisol, T3 e T4. A concentração de corpos cetônicos foi mensurada pelo Ketovet®. A avaliação do consumo voluntário foi feita através do LIPE®, e a avaliação do conforto térmico foi feita através de um globo negro, para aferição dos índices climáticos ITGU e ITU, além de um de um data logger intravaginal com avaliações a cada hora. A dinâmica folicular foi avaliada através de ultrassom. A Temperatura intravaginal (TI), T3, T4, Cortisol, Corpos Cetônicos, ITU, ITGU, diâmetro do folículo ovulatório (POF) e hora da ovulação foram avaliados por Análise de variância – ANOVA. Os valores de ITGU, ITU, FR e R foram avaliados através do PROC CORR e PROC REG do SAS. Para todos os dados foi considerado valor de P entre 0,05 e 0,1 como tendencia. Houve diferença significativa entre as médias do ITGU, sendo que o período da seca obteve maior resultado, em relação a época chuvosa. Para os valores de ITU a diferença não foi significativa, porém indicou patamares de estresse severo aos animais. As TI dos animais variaram de acordo com a estação do ano (P<0,01), independente da suplementação. A frequência respiratória foi mais elevada durante o período seco, entre as 08:00 e 15:00. O T3 e os corpos cetônicos não apresentaram diferenças significativas (P>0,1), mas o cortisol e o T4 apresentaram tendência de variabilidade (0,1>P>0,05). O comportamento dos fatores ITU, R e FRE em relação ao ITGU, na estação chuvosa (dia e noite) e estação seca, no período diurno teve correlação positiva pela análise de Pearson. A POF também foi afetada pela estação do ano e suplementação, durante o período chuvoso vacas duraram 50 horas para ovularem, enquanto no período seco demoraram 65 horas (P<0,05). A ovulação apresentou influência direta da suplementação (P<0,05), assim como foi verificado que o diâmetro folicular foi menor (P<0,01) em vacas não suplementadas, os animais apresentaram menor tempo de ovulação no período chuvoso, o que pode estar relacionado com o menor grau de estresse térmico desses animais no período. Na região amazônica, o ITGU foi maior no período seco. A TI foi maior no período seco. T3 foi maior em animais não suplementados. Os animais suplementados durante o período chuvoso apresentaram maior capacidade reprodutiva, os animais sofrem estresse calórico durante todo o ano na região Amazônica.