Educação durante o isolamento social: relato das famílias das crianças do 1º ano do ensino fundamental de uma escola de Ouro Preto do Oeste/RO

Abstract

Este estudo teve como objetivo analisar como os pais ou responsáveis viveram a experiência do ensino remoto no ano de 2021. Procurou-se também identificar quais as ferramentas e meios foram usados pelas famílias para auxiliar no processo de aprendizagem das crianças, verificar o nível de participação dos pais e/ou responsáveis nas atividades que foram propostas pelos professores, entender como estava a relação dos pais e/ou responsáveis com seus filhos nessa experiência de aprendizagem imposta pela pandemia e, por fim, identificar as barreiras tecnológicas, econômicas e sociais impostas as famílias e as crianças durante o ensino a distância. A fundamentação teórica é pautada em Ariès (1986), Carvalho (2004) Demenech (2013), Engels (2019), Filho (2020), IBGE (2010), Heywood (2004), Lima e Chapadeiro (2015), Polonia e Dessen (2005, 2007), Saraiva e Wagner (2013), Silveira e Wagner (2009), Winnicott (1982). A metodologia aplicada para a realização da pesquisa foi o estudo de caso. Os sujeitos que contribuíram para a efetivação da pesquisa foram sete mulheres, entre elas seis mães e uma avó. O instrumento metodológico utilizado para a coleta de dados foi a entrevista estruturada. O método empregado para a análise e interpretação das informações coletadas foi o Núcleo de Significação (AGUIAR; OZELLA, 2006). Por intermédio da análise dos dados coletados nas entrevistas, foram gerados quatro núcleos de significação. Núcleo 1 -Famílias com condições de acompanhamento da educação das crianças; Núcleo 2 -Famílias sem condições de acompanhamento da educação das crianças; Núcleo 3 -A educação como responsabilidade exclusiva das mulheres - mães, avós, primas, tias e cuidadoras. Por meio deste estudo foi possível identificar que as mães e responsáveis das crianças relataram dificuldades em lidar com o formato de educação remota pois o novo formato não considerou o horário que os filhos foram matriculados e a dinâmica de funcionado foi adotado sem ouvir os pais e que também tiveram que assumir outras responsabilidades durante o isolamento social. Outra questão destacada pelas mães e avó foi o fato das crianças estarem em processo de alfabetização e as famílias não sabiam como abordar esse ensino. O sentimento de que os filhos não estavam aprendendo e nem se desenvolvendo estava muito presente no cotidiano dessas mulheres. Relataram que a escola não ofereceu um suporte suficiente para melhorar o desempenho das crianças. As mulheres foram as únicas ou as principais responsáveis para oferecer auxílio as crianças nas atividades escolares e muitas relataram frustração pela falta de tempo para assumir essas obrigações. Também pode-se observar a falta de comunicação entre família e escola, impedindo a construção de um bom relacionamento entre esses dois grupos, que deveriam ter como foco a superação de problemas e conflitos educacionais.