A descolonização na poesia de Elizeu Braga: um olhar diferenciado sobre a Amazônia

Abstract

Esta dissertação apresenta resultados da análise da obra Mormaço, segundo livro publicado pelo poeta Elizeu Braga, em especial dos poemas “Mormaço”, “Tenho Tribo” e “Parente”, sob a ótica dos estudos da Teoria Pós-colonial. Com a leitura da obra, surgiu-nos os seguintes questionamentos: qual é a temática central que Braga emprega nesta coletânea de poemas? Os traços e a estética utilizados pelo autor podem ser considerados descoloniais? A linguagem utilizada pelo autor nas composições são meios de desconstrução dos textos tradicionais? Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é demonstrar uma análise pós-colonial da referida obra, buscando mostrar referências descolonizadoras sobre a linguagem, o espaço amazônico e a sociedade local nos três poemas já aludidos que integram Mormaço. Para tanto, foram estabelecidos os seguintes objetivos específicos: a) contextualizar a relação entre a Crítica Pós-colonial e a literatura, evidenciando suas origens, conceitos e investigações; b) discutir como se desenvolveu a literatura no âmbito da Amazônia, isto é, a Literatura Brasileira de Expressão Amazônica; c) apresentar a biografia do escritor Elizeu Braga e suas obras publicadas; e d) analisar e destacar aspectos descolonizadores nos poemas “Mormaço”, “Tenho Tribo” e “Parente”, que fazem parte da obra Mormaço, de Elizeu Braga. O estudo do tema é relevante porque há necessidade de dar visibilidade e valorização às obras de autores regionais, em especial àqueles que concretizam uma visão pós-colonialista, indo de encontro com o cânone literário, enaltecendo assim a visão de mundo do contexto sociocultural amazônico. A pesquisa do tipo bibliográfica e documental, de caráter exploratório, com abordagem qualitativa, foi desenvolvida a partir da utilização do método crítico analítico. Como aporte teórico-metodológico, utilizamos os estudos dos seguintes autores: Thomas Bonnici (1998; 2005; 2009; 2011; 2012; 2019) Maycon Moura (2022), Frantz Fanon (1965), Miguel Nenevé e Sônia Sampaio (2016). Como resultado, observamos que as poesias que compõem a obra Mormaço são consideradas descolonizadoras, uma vez que o discurso que o autor emprega nos poemas trata-se de uma linguagem regionalista, bem como ambienta o espaço amazônico e critica o capitalismo e as relações de poder, aspectos característicos de textos pós colonialistas.