Narrativas orais de experiências pessoais: memória e cultura no linguajar rondoniense

Abstract

O objeto de pesquisa desta dissertação são narrativas orais de experiências pessoais dos moradores de Rondônia com destaque para Porto Velho. Dessa maneira, a motivação para desenvolver essa temática veio da constatação de que é necessário investigar, registrar e compreender o processo de constituição da cultura rondoniense através das narrativas como forma de contribuir cientificamente, valorizar e preservar, pelo menos parcialmente, a memória cultural de Rondônia, um Estado eminentemente construído por fluxos migratórios desde os mais remotos tempos. Nesse sentido, o objetivo geral a ser alcançado foi analisar essas narrativas com o intuito de identificar, em um primeiro momento, as características da narrativa como aponta Waletzky e Labov, retomadas por Labov e posteriormente por Ferreira Neto; em um segundo momento, extrair delas aspectos culturais incluindo identidade cultural, hibridismo cultural e etnolinguística pelas perspectivas, principalmente, dos teóricos Edward Tylor, Cuche, Laraia, Hall, Bauman e Canclini. Os métodos adotados foram o etnolinguístico, baseado no pensamento de Coseriu e Lima Barreto, além das abordagens bibliográfica, exploratória, hermenêutica e narrativa. Para a coleta de dados foi utilizado um aparelho smartphone para efetuar as gravações via entrevista não- estruturada, ou seja, o participante fala livremente a partir de uma pergunta disparadora. Nesse processo de construção do corpus, foram selecionadas quatro narrativas orais de experiências pessoais dos participantes que passaram ou vivenciaram de alguma forma os fluxos migratórios da década de 80 e da contemporaneidade. Por meio da análise realizada nesses quatros relatos, em consonância com as teorias, foi possível identificar os aspectos culturais que elas refletem bem como os identitários e híbridos, pois ao longo de suas trajetórias as suas culturas e identidades foram se transformando para se adaptarem a cada novo ambiente e a cada nova realidade. Em relação a etnolinguística ocorreu o reconhecimento do tripé entre língua, cultura e sociedade. Por fim, os estudos narratológicos realizados nessas narrativas permitiram compreender, pelo menos parcialmente, que o Estado de Rondônia e sua capital são formados desde os mais longínquos tempos por um caldeirão de diversidade cultural.