Análise da língua de sinais Paiter Suruí com base na Teoria dos Espaços Mentais

Abstract

As línguas de sinais são consideradas as línguas naturais dos surdos e têm sido amplamente utilizadas como forma de comunicação e expressão por esses indivíduos. No entanto, devido à diversidade étnica dos diferentes grupos de surdos, nem todos utilizam uma língua de sinais, podendo fazer uso de gestos e expressões para se comunicar e expressar sua cultura e identidade surda. Embora haja avanços nos Estudos Surdos em áreas urbanas, é importante que sejam realizados estudos relacionados à língua de sinais no contexto dos povos indígenas que possuem comunidades surdas. Este estudo teve como objetivo analisar a língua de sinais Paiter Suruí, a única encontrada no estado de Rondônia. Para isso, foram coletadas informações através de dissertações e teses sobre línguas de sinais indígenas no Brasil, no período entre 2017 e 2022. A pesquisa de Eler (2017), que mapeou os sinais da educação escolar indígena do povo Paiter Suruí na aldeia Gapgir, foi utilizada como referência; além disso, a pesquisa tem por base teórica os estudos de: Quadros e Karnopp (2004); Azevedo (2006); Strobel (2013); Gomes e Vilhalva (2021), entre outros. Averiguou-se que a língua de sinais utilizada pela comunidade indígena Suruí possui um sistema morfológico semelhante o da Libras utilizando os mesmos parâmetros para transmitir informações adicionais e para compreender o significado dos sinais. Uma característica interessante dessa língua é a presença do empréstimo linguístico de alguns sinais da Libras. A análise se concentrou na construção estrutural e linguística dos sinais Paiter Suruí mapeados pela pesquisadora. O critério utilizado para essa análise foi o uso dos parâmetros e empréstimos linguísticos da Língua Brasileira de Sinais (Libras). O objetivo foi descrever o processo envolvido na construção desses sinais. Para essa descrição processual, a Teoria dos Espaços Mentais foi aplicada, juntamente com os aspectos morfológicos da Libras e o processo de formação dos sinais apresentado por Quadros e Karnopp (1997), junto às teorias pós-críticas na análise dos dados. Esse método permitiu entender a estrutura e o funcionamento dos sinais Paiter Suruí. A ideia de espaços mentais e mesclagens conceituais é utilizada neste estudo para entender como a linguagem e a percepção se entrelaçam e contribuem para a formação de significados.