Educação permanente em saúde e sua relação com o processo de trabalho: a compreensão da equipe multiprofissional do centro de oncohematologia pediátrica "núcleo criança e vida" na cidade de Porto Velho/ Rondônia

Abstract

O câncer na população infantojuvenil é considerado raro quando comparado a tumores de adultos e suas particularidades e características específicas levam muitas vezes ao diagnóstico tardio, reduzindo as chances de cura e qualidade de vida dessa população. A Oncohematologia Pediátrica é caracterizada como sendo um segmento específico da medicina e necessita de profissionais que detenham a qualificação técnico-científica e estrutura emocional necessária para realização do cuidado na sua integralidade. Este estudo teve como objetivo geral analisar a compreensão da equipe multiprofissional que atua no Centro de Oncohematologia Pediátrica “Núcleo Criança e Vida” no Hospital de Base Dr. Ary Pinheiro sobre as ações de educação permanente e sua relação com o processo de trabalho. A pesquisa apresenta como metodologia um estudo exploratório com abordagem quantiqualitativa e os resultados foram analisados por meio da análise de conteúdo utilizada por Bardin. Foi utilizado um instrumental compreendendo três eixos temáticos: caracterização sócio-ocupacional e formação dos entrevistados, processo de qualificação profissional para o cuidado em saúde e a relação processo de trabalho e a Educação Permanente em Saúde. Foi realizada entrevista com a utilização de um roteiro semiestruturado junto a 35 (trinta e cinco) profissionais de ensino superior e médio da unidade de saúde. Os dados do primeiro eixo foram analisados de forma quantitativa e os demais temas foram analisados desvelando a realidade vivenciada pelos profissionais. Foram identificados como aspectos significativos no estudo a ausência de qualificação profissional para o cuidado em saúde específico na área. Outro aspecto relevado pelos entrevistados diz respeito à falta de orientação quanto às normas, rotinas e regulamentos existentes no setor antes de iniciar suas atribuições no serviço. No tocante à relação do processo de trabalho e a Educação Permanente, 100% dos entrevistados afirmaram a influência positiva que o processo educacional exerce sobre a práxis da equipe multiprofissional e a melhoria na qualidade da integralidade do cuidado. O grupo pesquisado foi enfático em afirmar que as ações educacionais voltadas especificamente para o setor de Oncohematologia Pediátrica não ocorrem, demonstrando uma lacuna significativa a ser preenchida. Foram salientados também os aspectos facilitadores e dificultadores do processo de trabalho pelos entrevistados. Os participantes apontaram, ainda, temas que figuram como importantes para a melhoria do processo de conhecimento, trabalho no setor e qualidade dos serviços de saúde prestados. Os resultados analisados emergem como importante direcionamento para a gestão da instituição e visa a contribuir para um olhar mais criterioso em relação ao setor e a necessidade de inserção de práticas educacionais dentro do serviço. Possibilitam ainda, o conhecimento das demandas apresentadas e abrem o caminho para um diálogo e o debate quanto à importância do fortalecimento da educação permanente em saúde em oncologia pediátrica, como ações concretas adequadas às necessidades do setor e à organização do trabalho. Deve-se acrescentar que a luta no controle e combate ao câncer requer um conjunto cooperativo de todas instâncias de saúde e a Educação Permanente emerge como importante estratégia para minimizar os impactos decorrentes desse agravo.