“Se eu tivesse estudo eu não tinha sofrido tanto”: histórias e memórias de idosos analfabetos

Abstract

Em algumas culturas, o idoso tem sua vivência reconhecida e exaltada, na sociedade ocidental moderna, sua sabedoria acumulada durante uma vida inteira, ainda não tem o devido reconhecimento. É pensando em compreender as premissas de que levaram as pessoas na terceira idade ter sua escolaridade usurpada e como a sua leitura de mundo contribui para preservar seus saberes e suas memórias com altivez que a presente monografia se objetivou. Este escrito dedica-se, portanto, a análise do discurso pertinente ao analfabetismo na terceira idade, apontado como uma das motivações de exclusão social. Colaboraram com a pesquisa 02 idosas e 01 idoso, do Centro de Convivência do Idoso da Zona da Mata do Estado de Rondônia-RO. A metodologia contou com abordagem qualitativa do tipo descritiva sob as orientações da Psicologia Discursiva, os instrumentos de coleta de dados foram entrevistas semiestruturadas e um questionário sociodemográfico, os dados foram analisados por meio da Análise do Discurso, e as colaborações teóricas contaram com autores como: Bosi, (2014); Beauvoir, (1979); Freire, (2015); entre outros. Com base na apreciação das narrativas dos idosos analfabetos pode-se inferir que a exclusão social acontece de forma velada. Os conhecimentos de mundo adquiridos com o passar da idade não têm apreço pelos familiares e pela comunidade que estão inseridos, causando dores e sofrimentos que ficam marcados em suas palavras, nas longas pausas em sua fala.