Consórcio Social da Juventude Rural Rita Quadros: um olhar para as mulheres jovens do campo

Abstract

Este trabalho possui como tema o Consórcio Social da Juventude Rural Rita Quadros, ofertado pelo Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do município de Ji-Paraná/ RO, entre 2005 e 2006, visando atender jovens da agricultura familiar, da Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares e suas Federações e Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais. Esse Consórcio, em um primeiro momento ocorreu em 15 estados brasileiros formando mais de 1000 jovens rurais. Visava a formação extra-escolar com o objetivo de qualificação pessoal e profissional com foco na agricultura familiar e na luta sindical. A pesquisa tem como objetivo principal saber de jovens mulheres participantes do curso os efeitos que o curso de Ji-Paraná/RO teve em suas vidas, bem como dar a conhecer os desafios enfrentados por elas nos espaços por muitos anos ocupados somente por homens. Busca-se também evidenciar o entendimento dos sujeitos da pesquisa sobre as dificuldades e/ou conquistas que as mulheres obtiverem em decorrência das discussões ocorridas no curso e na sua trajetória sindical. No estado de Rondônia o CSJR teve duas edições ou etapas, sendo a primeira em 2005/2006 e a segunda em 2006/2007 sendo que a primeira, que o foco desta pesquisa foi realizada nos municípios de Cacoal e Ministro Andreazza, atendendo demandas de quatro municípios: Cacoal, Ji-Paraná, Ministro Andreazza e Presidente Médici, com a presença de 57 jovens – sendo 28 mulheres e 29 homens. Metodologicamente nos baseamos em pesquisa qualitativa, do tipo ex-post-fato contando também com elementos da própria participação no curso e utilizamos como técnica de pesquisa entrevistas com questionário estruturado com as três jovens e com cinco dirigentes sindicais, sendo que em alguns casos devido a distância e por questões de agenda três desses dirigentes responderam somente questionário via e-mail e/ou aplicativos de mensagem. Como aspectos relevantes podemos destacar que as mulheres, por muitos anos não tinham um espaço consolidado na luta sindical, tampouco as jovens; as mulheres dirigentes encontraram dificuldades ao adentrarem em espaços públicos e de política, considerando a sociedade patriarcal e também o conflito geracional. A luta sindical por paridade nos espaços da direção é constante na Contag e só tem avançado, principalmente, por força das mulheres e seus coletivos organizados. A juventude por sua vez, possui desafios para se colocar também em espaços políticos da luta e o Consórcio da Juventude Rural foi um programa importante, embora pontual, no sentido de fomentar e fortalecer o protagonismo jovem. Ao que demonstra a pesquisa, as jovens tiveram um grande avanço com a participação no curso, tanto é que buscaram por espaços profissionais e, mais que isso, espaços de reconhecimento político.