Vulnerabilidade socioambiental na cidade de Porto Velho/RO: uma análise da estruturação de lugares intraurbanos e a formação de áreas de risco

Abstract

A sociedade atual vivencia a dicotomia entre o avançar do modelo desenvolvimentista capitalista e as limitações que impõe ao meio ecológico e, por consequência, à continuidade deste modelo. O processo de urbanização que se configura como a força motriz de expansão das cidades brasileiras, nas últimas décadas, tem se acelerado nas chamadas cidades médias. Porto Velho, como uma das fronteiras de expansão do capital, conduzidas pelas políticas econômicas dirigidas para a Amazônia pós década de 1970, vivenciou e vivencia um acelerado processo de expansão de sua área urbana, o que tem causado um avanço sobre os espaços expostos aos perigos ambientais. Assim, a presente pesquisa tem como objetivo investigar a influência do processo de urbanização da cidade de Porto Velho/RO na formação de áreas de risco à ocorrência de inundações, alagamentos e movimentos de massa. O método adotado utilizou a modelagem socioambiental apoiada na Análise Hierárquica de Processos (AHP), técnicas estatísticas, geoprocessamento, sobreposição cartográfica e trabalhos de campo. Como resultado, foi possível a constatação de condições hidrogeomorfológicas potenciais à gestão ambiental em 68 minibacias hidrográficas; são minibacias que fazem parte das seis sub-bacias hidrográficas da área urbana de Porto Velho com situações diferenciadas em relação aos perigos socioambientais, cujos dados, nas análises das sub-bacias, uniformizaram-se. Em 61 minibacias (90,05% da área de estudo) são evidenciadas tendências naturais de alta ou muito alta prioridade para ações de gestão ambiental com relação à degradação de solos e recursos hídricos. Minibacias com características morfométricas de muito alta priorização, nas porções centro e leste da área de estudo, exibem maiores potencialidades aos alagamentos (perigo médio a muito alto) e ocupam 25,65% da área de estudo. As de alta priorização, nas proximidades do rio Madeira e de seus igarapés, possuem maiores potencialidades às enchentes e inundações (médio a muito alto perigo em 13,12% da área de estudo) e maiores propensões aos movimentos de massa (2,76% da área de estudo) com deslizamentos planares ou de rastejamentos nas zonas mais argilosas onde a declividade supera 25%. O processo de ocupação tende a modificar as condições naturais hidrogeomorfológicas das minibacias de estudo, agravando os problemas hidrológicos principalmente àquelas com baixos valores de densidade de drenagem e altos de densidade hidrográfica que estão impermeabilizadas pela ação antrópica, como na porção leste da área de estudo. Portanto, a partir dos resultados da presente pesquisa pode-se constatar que os perigos ambientais naturalmente existentes na área urbana de Porto Velho estão sendo potencializados por um processo de urbanização que subjuga tanto os limites de seu meio ecológico, quanto as necessidades sociais na estruturação de seu espaço intraurbano.