O que é democracia? A interpretação das crianças sobre a estrutura política da sociedade

Abstract

Esta pesquisa teve como objetivo criar um mapeamento dos termos relacionados à vivência democrática segundo um grupo de crianças. A intenção foi desenvolver uma vivência em sala de aula para a problematização da relação com o outro diante de situações que evidenciam a vulnerabilidade social de determinados grupos da sociedade. O trabalho foi desenvolvido no município de Ji-Paraná, Rondônia e contou com a participação de crianças do quinto ano do ensino fundamental de três escolas públicas e duas escolas particulares localizadas na cidade de Ji-Paraná/RO. O critério de ouvir as crianças partiu do interesse de dar visibilidade científica as mesmas, encarando-as como protagonistas e sujeitos autorais que, assim como os adultos, elaboram suas interpretações sobre a realidade que testemunham. No primeiro tópico, referente ao lugar social da criança e o significado da infância ao longo da história, os autores que deram suporte teórico foram Ariès (1981); Arroyo (2013); Feist (2009); Heywood (2014); Iriarte e Ferreira (2015); James, Jenks e Prout (2005); Marx (2013); Prout (2005); Qvortrup (2010); Rede (2007). Sobre o aprender e a relação da criança com a sociedade no panorama da Teoria Histórico-cultural, os autores que deram suporte teórico foram Aguiar e Ozella (2006); Galvão (1995); Nienow (2016); Prestes (2010, 2011); Souza (2011); Vigotski (2008, 2010; 2018). Os principais teóricos que serviram de referência para o tópico sobre as representações sociais foram Arroyo (2013); Andrade (2014); Andrade, Souza e Seidmann (2019); Moscovici (2012). Os principais autores que serviram de suporte para a construção do tópico referente à escola como principal aparelho ideológico de Estado foram Albino, Maia e Pereira (2012); Althusser (1992); Chaui (1995, 2008); Freire (2016); Libâneo (1982, 2013); Saul e Silva (2012); Saviani (2018). O último tópico é relacionado ao contexto político que permeia a realidade das crianças participantes deste estudo e os principais teóricos utilizados foram Alonso (2019); Chaui (1995); Saviani (2018). A metodologia escolhida foi de abordagem qualitativa seguindo os pressupostos de estudo de caso analítico com crianças. A atividade, nas escolas, foi dividida em três etapas. Antes do início da atividade, as crianças se dividiram em três grupos chamados de Quadrado Amarelo, Triângulo Vermelho e Círculo Verde. O instrumento utilizado para a construção das informações foi um jogo que foi confeccionado, pela pesquisadora desta monografia, especialmente para este momento. Na segunda parte, ainda em grupos, as crianças foram convidadas a escreverem quais as palavras que, para elas, representavam a democracia bem como o seu significado. O objetivo principal foi identificar quais significados as crianças atribuem ao termo democracia. Em um último momento, as crianças participaram de um exercício chamado “o poder em minhas mãos” onde elas puderam criar desfechos para três situações-problemas que foram propostas. A partir das informações recolhidas em campo, as palavras escritas pelas crianças foram analisadas, aglutinadas e formaram seis núcleos de significação. O estudo mostrou que a palavra democracia está ancorada em discursos que se distanciam do conceito de democracia participativa. Todavia, percebeu-se que, as crianças, ao se depararem com situações que as permitem se colocar no lugar do outro, elas deixam de se guiar pelos discursos presentes em seus meios sociais e tornam-se sujeitos autônomos capazes de encontrar uma solução que privilegie aqueles que vivem uma situação de vulnerabilidade.