Entre fronteiras e diásporas: o caso dos venezuelanos em Porto Velho

Abstract

A condição de fronteiras terrestres e logísticas por meio de estradas e rios, no norte do Brasil, aumentou o volume e os movimentos dos deslocamentos de venezuelanos, acarretando na porosidade das fronteiras nacionais, étnicoculturais e identitárias, uma vez que nos terrenos das trocas de espaços miscigenam indivíduos com ideologias e culturas distintas. Por isso, é nossa intenção mostrar as características motivacionais que levam o sujeito imigrante venezuelano a deixar sua terra natal em direção à outra, os desafios de se viver nesse novo local, bem como descrever a forma como ele é recebido e as estratégias utilizadas para a inclusão nessa nova sociedade. A metodologia adotada nesta pesquisa é qualitativa de cunho etnográfico e, para tanto, utilizamos um questionário com perguntas que abordaram o perfil do colaborador, a motivação para saída do país de origem, a integração no novo local, a integração com os membros do grupo e com a terra natal. As perguntas foram feitas a vinte imigrantes venezuelanos, escolhidos aleatoriamente, residentes em Porto Velho, nos anos de 2018-2020, que frequentaram o curso Português como língua adicional, o qual faz parte do programa Trânsitos, fronteiras, migração e línguas adicionais na Amazônia, oferecido pelo Grupo de Estudos Linguísticos, Literários e Socioculturais (GELLSO), vinculado ao Departamento de Línguas Estrangeiras da Fundação Universidade Federal de Rondônia. A base teórica versou sobre temas e conceitos como os de diáspora (COHEN, 1996; REIS, 2004; SOUZA, 2016), cultura e multiculturalismo (HALL, 2003, 2006; NUNES, 2004; SEMPRINE, 1999), interculturalismo e a diversidade humana (CANDAU, 2008; CANCLINI, 2008; CANTLE, 2012) e as redes de migração (REQUENA SANTOS, 2002; MILROY E MILROY,1992; KNOKE e KUKLINSKI, 1982).Os resultados mostraram que, apesar do conflito cultural que estes sujeitos venezuelanos passaram, grande parte da população conseguiu romper as barreiras sociais e se inseriram no contexto cultural de Porto Velho, construindo assim uma sociedade híbrida.