Ocorrência de florações de cianobactérias no rio Urupá (Rondônia): uma abordagem ambiental e de saúde pública

Abstract

Em virtude da crescente ocorrência de florações de cianobactérias tóxicas no Brasil, é essencial a realização de estudos que avaliem a dinâmica desta comunidade e o efeito na qualidade da água distribuída pelas ETAs. O objetivo deste estudo foi analisar a ocorrência de florações de cianobactérias no Rio Urupá (RO) e em outros mananciais utilizados para a captação de água pela Companhia de Água e Esgoto de Rondônia CAERD, bem como levantar as unidades de saúde na bacia do rio Urupá que utilizam a água distribuída pela companhia. A cada 15 dias foram coletadas amostras de água em 2 pontos no rio Urupá, ambos localizados à montante da captação da ETA. As coletas foram realizadas no período de maio/2019 a março/2020. Em campo, foram analisadas a transparência da água (Disco de Secchc), a condutividade e a temperatura. Amostras de água superficial foram coletadas para as análises laboratoriais de turbidez e pH. Já as análises de oxigênio dissolvido, alcalinidade, nutrientes, clorofila-a e coliformes foram realizadas de acordo com APHA (1998). Para análise quali-quantitativa do fitoplâncton, amostras de água coletadas na superfície da foram acondicionadas em frascos protegidos da luz e adicionadas solução de lugol. Posteriormente realizouse a técnica de Uthermol. Quantos as análises de fitoplâncton, observou-se que 51,33% das espécies encontradas durante o espaço amostral foram de cianobactérias, sendo a espécie Aphanocapsa delicatissima, a que apresentou a maior densidade (4970 céls/mL), seguida da Aphanocapsa incerta (2329 céls/mL). As variáveis físico-químicas e microbiológicas da água apontaram que ao longo de um ciclo hidrológico os pontos amostrados no rio Urupá apresentaram características que podem favorecer a ocorrência de florações de cianobactérias, como valores altos de transparência da água e presença de nutrientes importantes como o nitrato e fósforo, baixa vazão do rio, principalmente nos períodos de águas baixas. Os resultados também indicaram que o Ponto 1 recebe maior influência antrópica que o Ponto 2 em virtude de terem sido registrados maiores valores de clorofila, coliformes e turbidez. Das onze ETAs da CAERD que responderam ao questionário, quatro (Presidente Médice, Urupá, Jaru e Santa Luzia) apresentaram respostas que podem ser atribuídas a episódios de aumento da biomassa fitoplanctônica, com eventos relacionados a gosto e cheiro naágua tratada e cor esverdeada na água bruta. Quanto às unidades de saúde, verificou-se que 70% das unidades de Ji-Paraná e 60% das unidades de Urupá, utilizam água da CAERD como fonte de abastecimento. Desta forma, faz-se necessário o monitoramento de cianobactérias no rio Urupá, em virtude de terem sido encontradas espécies potencialmente produtoras de cianotoxinas.