Relação entre uso e ocupação do solo e temperatura de superfície no município de Ji-Paraná, RO

Abstract

Com o processo de estímulo à ocupação de Rondônia instaurado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária a partir da década de 70, começaram a chegar imigrantes de várias partes do Brasil em busca de terras oferecidas pelo Estado. No entanto, alguns desses imigrantes passaram por dificuldades devido à infertilidade do solo amazônico em algumas regiões, outros careciam de ajuda financeira para desenvolver suas terras e alguns ainda tiveram conflito com indígenas. Esses fatores influenciam o êxodo rural. Então as cidades de Rondônia começaram a crescer desordenadamente, sem Planos Diretores. Resultado disso foi a apropriação de locais inadequados como Áreas de Preservação Permanente urbanas. Desta forma, esta pesquisa teve como objetivo evidenciar as consequências que a ocupação desordenada causou sobre a temperatura de superfície no município de Ji-Paraná/RO no período entre 1990 e 2020. O estudo teve como instrumento de trabalho as ferramentas de geoprocessamento do QGis v3.10, usando imagens dos satélites Landsat 5 Thematic Mapper (TM), Landsat 7 Enhanced Thematic Mapper Plus (ETM+) e Landsat 8 Orbital Land Imager (OLI) e Thermal InfraRed Sensor (TIRS), obtidas pelo Serviço Geológico dos Estados Unidos (USGS – U.S. Geological Survey). Essas imagens foram utilizadas para obter dados de Índice de Vegetação por Diferença Normalizada (NDVI), estimativa da Temperatura de Superfície e classificação do uso do solo pelo método Random Forest. De acordo com os resultados, a área urbana do município perdeu 11,77% de vegetação nativa em comparação ao que havia em 1990 e a área antropizada cresceu 58,53%. Com isso, a temperatura média subiu de 35,03 °C [34,85 °C; 35,22 °C] em 1990 para 47,04 °C [46,82 °C; 47,26 °C] em 2020. Com esses dados fica evidente que a supressão da vegetação nativa pode influenciar diretamente a temperatura de superfície e o conforto térmico da população residente no município de Ji-Paraná. Logo, faz-se necessária a execução adequada do Plano Diretor vigente.