O colonialismo e o estudo do Doppelgänger nas figuras do estranho e de Narciso em narrativas de Conrad e Nabokov

Abstract

Este trabalho tem como objeto de estudo o tema do duplo e sua linha tênue entre personalidade e pós-colonialismo. Desde a Antiguidade até a Modernidade, o duplo teve várias manifestações, como em lendas culturais, literatura, filosofia, religião e psicanálise. Dentro dessas manifestações, o duplo desdobrou-se como nas figuras do irmão gêmeo, do espelho, e da crise do “eu” como personalidade. Com o objetivo de compreender a crise de personalidade da relação entre o eu e o outro, a relação de colonizado e colonizador, propus um estudo por meio da psicanálise. Utilizei como fundamentação teórica, o estudo de Freud sobre o “estranho” e o “narcisismo”, Jung sobre a teoria do inconsciente e a formação da personalidade, e Otto Rank, não só como um literário, como também sobre o narcisismo. Na parte literária e histórica do duplo, foi fundamental o estudo de Nicole Bravo e Carla Cunha. Quanto ao entendimento sobre o mito de Narciso, os estudos de Junito de Souza Brandão. De acordo com as pesquisas realizadas, analisei os romances “O cúmplice secreto”, de Joseph Conrad e Desespero, de Vladimir Nabokov. O primeiro sobre uma perspectiva do estranho e do autoconhecimento quanto personalidade e o segundo conforme o narcisismo e a narrativa narcisista. Conclui que a crise de personalidade que cria um duplo está relacionada a não aceitação do outro, pois ele é o diferente, o inferior, o estranho, ou também o inverso. Essa pesquisa não só contribui para uma compreensão do que vem a ser o duplo durante toda sua história, como também no entendimento da aceitação do outro como colonizado ou colonizador.