Avaliação em larga escala para o ensino médio e o machado de bronze: reflexões à luz da pedagogia histórico-crítica e da psicologia histórico-cultural

Abstract

O presente trabalho objetivou analisar a avaliação em larga escala do ensino médio no Brasil a partir dos pressupostos teóricos da pedagogia histórico-crítica e da psicologia histórico-cultural. Dentro dessa perspectiva teórica educacional, a avaliação da aprendizagem é um elemento constitutivo do trabalho educativo, e assim como o ensino e o planejamento, a avaliação deve ser posta em prática com intencionalidade, para que seja possível qualificar os dados sobre a aprendizagem, entendendo a importância de uma base teórico-metodológica e filosófica que proporcione essa premissa. Este trabalho justifica-se pela incipiência quantitativa e vinculada ao método proposto de trabalhos desenvolvidos no campo da avaliação para a pedagogia histórico-crítica, e também pela urgência de compreender as implicações do retorno sistêmico do tecnicismo. Os objetivos específicos foram: a) compreender o sistema nacional de avaliação e a influência das teorias da avaliação da aprendizagem no Brasil entre 1960 e 2018; b) identificar e analisar as políticas de avaliação em larga escala para o ensino médio e suas relações com a avaliação da aprendizagem escolar e; c) analisar o processo de avaliação educacional a partir da perspectiva da pedagogia histórico-crítica e da psicologia histórico-cultural. Para tanto, recorreu-se às técnicas de pesquisa documental e bibliográfica, centrando-se nos documentos oficiais para a avaliação em larga escala, e ao método dialético de pesquisa científica, que traz consigo as bases lógicas de investigação manifestas nas categorias de análise do materialismo histórico-dialético, elaborado por Marx (2016) e Engels (1984). A análise do sistema nacional de avaliação e a influência das teorias da avaliação da aprendizagem e das políticas de avaliação em larga escala para o ensino médio, possibilitou concluir que as instituições ligadas ao poder público – dentre as quais se encontra a escola –, estruturado no seio do modo de produção capitalista, não se comprazem com os interesses da classe trabalhadora. Dessa forma, da relação entre o sistema nacional de avaliação e a influência das teorias da avaliação da aprendizagem no Brasil, tem-se que, historicamente, as políticas educacionais sempre serviram aos interesses capitalistas, sendo a avaliação educacional instrumento para referendar o fortalecimento do capital, por meio da formação da força de trabalho. Como forma de resistência, discute-se a perspectiva da pedagogia histórico-crítica e da psicologia histórico-cultural nos processos avaliativos, apontando que a superação dessa condição, dar-se-á pela formação cultural das massas, garantindo no seio da escola que educadores sejam efetivamente mediadores para a formação da consciência necessária à revolução, relegando ao Estado o seu embotamento, levando-o a ocupar o seu lugar ao lado do machado de bronze.