A formação para o (des) emprego: uma análise dos cursos integrados no Instituto Federal de Ji Paraná – RO

Abstract

As novas formas de organização do trabalho e da produção, o desemprego estrutural e a crise vivida no ensino médio levaram o Estado brasileiro a dar maior atenção na formação do jovem trabalhador. Neste contexto, a educação profissional de nível médio tem sido uma das principais apostas do governo federal que tem buscado através desta modalidade estimular a geração de emprego e renda. Considerando isso, o objetivo desta pesquisa foi analisar a dinâmica entre a idealização dos cursos técnicos integrados ao ensino médio e a realidade concreta da inserção de 138 alunos egressos do IFRO Campus Ji Paraná. A pesquisa é de caráter bibliográfico, documental e de campo. Os procedimentos para coleta de dados foram realizados por meio de análise documental, dos planos dos cursos técnicos integrados, das diretrizes curriculares nacionais e de questionário próprio aplicado aos alunos egressos. Os procedimentos metodológicos de análise foram organizados a partir da aplicação de categorias do materialismo histórico-dialético. A análise dos documentos bases da educação integrada demonstra que os fundamentos de origem apresentam uma proposta de transformação, mas num segundo momento, as diretrizes e os planos dos cursos integrados apresentam elementos que se aproximam de uma visão de adaptação dos trabalhadores à sociabilidade que marca a forma capitalista de produção e consumo. De um modo geral, as análises evidenciam que os cursos integrados reforçam princípios teóricos sustentados na Teoria do Capital Humano, tais como: empregabilidade, empreendedorismo, aprender a aprender, cuja meta é estimular a criação, iniciativa e a autonomia dos trabalhadores. As análises dos questionários corroboram com essa perspectiva mostrando que o processo de formação integrada tem educado para que os jovens apropriem a noção de que cada um é responsável pelo seu sucesso, tanto no aspecto profissional, quanto no econômico e social. Ao verificarmos a contribuição dos conhecimentos obtidos no IFRO para a vida dos alunos, foi possível evidenciar que são classificados com boa e ótima base teórica, mas que podem ser aprimoradas em relação à conexão prática. Ao analisar a inserção profissional, a educação integrada mostra ser insuficiente para garantir um emprego na área de formação, o que pode ocorrer em razão da falta de ocupações. Por outro lado, quando os egressos conseguem um emprego, os resultados obtidos com suas atividades mostram que não recebem um aumento salarial condizente com o curso que realizaram. Observou-se que grande parte dos alunos egressos têm dado continuidade nos estudos acreditando que com isso terão melhores oportunidades. Os resultados sugerem que a falta de inserção dos trabalhadores no mercado de trabalho não representa uma forma de negação dos fundamentos bases da educação integrada, mas sobretudo na falta concreta de oportunidades de emprego e renda para quem possui o nível técnico. Conclui-se que para uma mudança em relação a inserção socioeconômica dos jovens egressos, é preciso que existam oportunidades de emprego digno para quem pretende seguir a carreira técnica.