Processos formativos e atuação docente por professores de 5º ano do ensino fundamental da rede municipal de Porto Velho/RO: uma investigação histórico-cultural

Abstract

Esta pesquisa objetivou investigar como os docentes que atuam em turmas de 5º Ano do Ensino Fundamental (EF), da rede pública municipal de Porto Velho/RO, percebem suas atividades de instrução em sala de aula e as contribuições dos processos de formação inicial e continuada para sua atuação docente. Sua fundamentação teórica está centrada na Teoria Histórico-Cultural, com ênfase nos conceitos/pressupostos de atividade de instrução, atividade-guia e periodização do desenvolvimento psicológico. Contou com 54 participantes dos 322 que atuam em turmas de 5º Ano do EF de Porto Velho, representando 17% dos professores dessas turmas no município. Foi adotado como critério de inclusão o interesse e a disponibilidade em contribuírem com a pesquisa, respondendo ao questionário misto (disponibilizado online via Google Forms), após seu link de acesso ser enviado a todas as escolas da rede municipal. O método dialético foi a abordagem de pesquisa empregada, constituindo a “relação entre a formação e a atuação do professor do 5º Ano do Ensino Fundamental” a unidade dialética, suportada por dois eixos analíticos:1. Contexto da formação dos professores em Porto Velho; e 2.Percepções sobre a atuação docente pelos professores de Porto Velho. O primeiro eixo foi apoiado pelas abstrações auxiliares, formação inicial, formação continuada, práxis pedagógica, condições objetivas e subjetivas do trabalho docente. O segundo pelas abstrações auxliares, atividade-guia e atividade de instrução. Com base nos achados da pesquisa, foi identificado que a práxis pedagógica é fundamental para a superação do distanciamento entre teoria e prática e para fortalecer a relação, indecomponível, entre formação e atuação docente, pois, como revelou o estudo, apesar da ampla maioria dos participantes, 42 (75%), avaliarem a formação inicial positivamente, 21 (37%) não conseguiram mencionar qualquer referência teórica utilizada em sua atuação docente; doze (25%) avaliaram como negativa a formação e atribuíram isso a um distanciamento da formação inicial da realidade educacional das escolas e à excessiva carga horária direcionada a teorias no curso superior, em detrimento de atividades práticas; 44 (80%) dos professores afirmaram ter recebido formação continuada específica para a turma em que atuam, no entanto, 22 (41%) deles não conseguiram minimamente caracterizá-las, citando atividades genéricas que costumam ser ofertadas para toda a rede. Relacionando teoria e prática, formação e atuação, os referenciais mais mencionados pelos professores foram o Construtivismo e o Ensino Tradicional. A Teoria Histórico-Cultural, citado o nome de Vigotski uma vez, pouco (ou nada) vem sendo adotada em formações. Às expectativas mais evidenciadas pelos professores para futuras formações, para 24 (45%), diferenciam-se das atualmente ofertadas pela Secretaria Municipal de Educação, sendo o Mestrado em Educação, a Educação Especial e o uso pedagógico de tecnologias as mais relevantes. Conclui-se que é importante manter o debate sobre a relação entre processos formativos e atuação docente e que preceitos teóricos, como os de base da Teoria Histórico-Cultural, possam ser inseridos em formações, possibilitando aos professores se apropriar e empregar desse referencial em suas atividades de instrução, visando ao desenvolvimento dos estudantes.