Gestão, desenvolvimento regional e o processo de reestruturação do trabalho intramuros

Abstract

Essa é uma pesquisa interdisciplinar pertencente à linha de investigação sobre políticas públicas e desenvolvimento sustentável do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente (PGDRA). Possui natureza quali-quanti e adota a observação participante e o estudo de caso como procedimentos técnicos. O objeto de análise é a Fazenda Futuro, uma iniciativa de reinserção social localizada no complexo penitenciário de Porto Velho, capital do estado de Rondônia. Com uma área aproximada de 310 (trezentos e dez) hectares, esse projeto de reinserção possui diversas atividades laborais e 60 (sessenta) vagas de trabalho remunerado. O objetivo geral da pesquisa consiste em elaborar modelagem de gestão aplicável à reestruturação do trabalho intramuros, com foco ao incremento produtivo das ações de ressocialização em prol do desenvolvimento regional. A investigação é fundamentada na Teoria Geral de Sistemas e nas premissas da estrutura social de Pierre Bourdieu, além das construções teóricas relativas ao desenvolvimento regional endógeno, sistema prisional, ressocialização e gestão pública. Atendendo aos objetivos específicos da pesquisa foi possível inferir que o modelo de gestão adequado deve buscar a sustentabilidade material, social e temporal do planejamento interno ao mesmo tempo em que se alinha aos planos de desenvolvimento locais e regionais. Definiu-se para o modelo quatro dimensões: (1) pedagógica: aprendizado organizacional; (2) de participação social: inserção dos stakeholders; (3) produtiva: construção do planejamento interno e, (4) de gestão: articulação dos recursos e meios em prol da consolidação das ações de reinserção social. Com isso, a modelagem sociotécnica apresentada concentrou-se em analisar os campos sociais e de poder, objetivando a formulação de estratégias que propiciem condições favoráveis à execução do planejamento e distanciando-se da comum narrativa sobre hierarquia e autonomia formal. Para além das fragilidades e desafios do sistema prisional, almeja-se que este trabalho possa inspirar organizações e indivíduos na luta contra a estigmatização dos reeducados nos campos sociais, pois a pena e a prisão são também instrumentos da sociedade. Espera-se, assim, que os resultados obtidos neste estudo possam beneficiar a comunidade institucional dedicada à reinserção social no país.