As águas como expressão poética no cronotopo da obra a história das crianças que plantaram um rio

Abstract

O intuito desta dissertação é analisar a obra A história das crianças que plantaram um rio (2013), do escritor paraense Daniel da Rocha Leite, com especial ênfase no espaço e suas expressões poéticas. Desse modo, o objetivo principal deste estudo é analisar os espaços presentes na obra, identificando-os, elencando-os, classificando-os e estabelecendo as possíveis inferências que essa categoria narrativa traz na elaboração da poeticidade do livro. Esta escolha se deu pela marcante presença da categoria espacial na obra, pois os espaços recriados por Leite são signos que desempenham mais do que localização, paisagem, cenário ou caracterização de tempo. Na obra, esses espaços são transformados em expressões poéticas e, mais do que isso, os espaços possuem significados e produzem efeitos de sentidos. Como aporte teórico para elaboração da pesquisa, utilizamos as contribuições dos seguintes teóricos: Borges Filho (2007); Brandão (2013); Barbieri (2009) e Lins (1976). Esses autores apresentam conceitos fundamentais para a elaboração do estudo, tendo em vista que discorrem a respeito do espaço literário. Usamos também os estudos sobre literatura infantojuvenil de Jesualdo (1993) e Coelho (2000), e as investigações teóricas de Tocantins (1973); Loureiro (2015) e Bachelard (1993). Esses teóricos nos auxiliam a abordar a poética do espaço amazônico. Além desses estudos, nossa pesquisa foi pautada na teoria do Cronotopo proposto por Bakhtin (2018). A pesquisa é de cunho bibliográfico, baseado na técnica de análise crítica. Constatamos, mediante o estudo da obra, que os cronotopos criados por Daniel da Rocha Leite possibilitam a aproximação do leitor com a representação do contexto ribeirinho amazônico. Vários elementos contribuem para criar a linguagem poética da obra, porém a água se destaca, como a principal responsável por tornar o cronotopo da obra lírico, além de ser o fio condutor de toda a narrativa.