Opressão e resistência em O empate de Florentina Esteves: uma leitura pós-colonial/decolonial

Abstract

O trabalho tem como objetivo analisar os reflexos de exploração e opressão presentes na trajetória de vida das personagens Severino Sobral e Mani, retratados no romance O Empate (2007) de Florentina Esteves, sob a perspectiva pós-colonial/decolonial. Nesta pesquisa que se contextualiza no período após a decadência do segundo ciclo da borracha no século XX são desveladas as relações de gênero e as variadas situações sofridas pelas personagens silenciadas e subalternizadas. A obra é permeada por conflitos e disputas entre os requerentes do seringal e os seringueiros, em que verificamos as questões de dominação dos detentores do poder sob a sociedade tida como marginalizada. A problemática gira em torno das formas de opressão e resistência estabelecidas na narrativa. A hipótese formulada é a de que a literatura de Florentina Esteves promove a decolonização. Estes pressupostos investigativos nos levam a compreendermos a composição literária de Florentina Esteves dentro de um viés de colonialidade. Ao realizarmos essa pesquisa analítica de cunho bibliográfico, buscamos contribuir com o arcabouço acadêmico relacionado à literatura que expressa as Amazônias e seus contextos, a propor um diálogo a respeito da cultura e a natureza, da literatura produzida por mulheres e sobre o feminismo decolonial, rompendo com os padrões arbitrários presentes na sociedade em análise. Neste estudo, buscamos apoio nas obras pós-coloniais/decoloniais de Frantz Fanon (1968), Edward W. Said (2007, 2011), Enrique Dussel (1993), Homi K. Bhabha (1994;2019), Walter Mignolo (2020), Albert Memmi (2007), Aníbal Quijano (2009), Maria Lugones (2007), Yuderky Espinosa Miñoso (2020), entre outros, além dos estudiosos que abordam a temática da Amazônia, tais como Neide Gondim (2007), João Paes Loureiro (2015) e Márcio Souza (2012). O romance O Empate nos leva a promover a decolonização através da ressignificação da leitura, a evidenciar a importância da trajetória da mulher na narrativa e a compor um contradiscurso atrelado aos habitantes e à região amazônica, retratados na literatura.