A história de nós dois e um rio - uma história da gente: narradores e ilustrações em a História das Crianças que Plantaram um Rio

Abstract

A obra A história das crianças que plantaram um rio, de Daniel da Rocha Leite é constituída em uma relação de texto verbal e ilustrações e se revela ao leitor por meio do narrador. Considerando que na tessitura da narrativa as demais categorias ganham destaque por meio deste ente e que as ilustrações presentes nas páginas do livro se organizam em colaboração com a narrativa verbal, esse trabalho objetiva investigar, como esse elemento, o narrador, é construído na narrativa em colaboração com as ilustrações. E o narrador não está sozinho em sua narrativa, há outros narradores que contribuem para a tessitura e para a realização da história de maneira envolvente possibilitando aos leitores uma ida e vinda às ações apresentadas. Para possibilitar a realização desse estudo intitulado A história de nós dois e um rio – uma história da gente: narradores e ilustrações em A história das crianças que plantaram um rio, enveredamos metodologicamente pela pesquisa analítica bibliográfica. Contribuirão para a análise dos narradores os teóricos Benjamim (1994), Friedman (2002), Chiappini (2002), Humphrey (1976), Leme (1981), Rosenfeld (1969) e Wood (2008). Para uma análise literária focando em teorias e conceitos na área da Literatura infantojuvenil, utilizaremos Cademartori (2010), Coelho (2000), Cunha (2009), Khêdo (1986), Pailo e Oliveira (2000), Perrotti (1986), Andruetto (2012) e Jesualdo Sosa (1985). Na perspectiva da ilustração, recorremos à Linden (2018), Nikolajeva e Scott (2011) e Oliveira (2008). Loureiro (2015) e Bachelard (1997) contribuirão com as análises sobre o imaginário e o devaneio, e somados a esses, utilizaremos ainda: Cândido (1994), Reuter (2007) e Todorov (2009) na perspectiva da narrativa. Identificamos narrativas encaixadas que nos levam ao passado por meio de um narrador contador de histórias e que estimula o leitor a construir reflexões sobre o espaço, o tempo e a relação do narrador adulto com a história, além de nossa narradora avó e nosso rio personificado. Notamos que os narradores são constituídos por vários outros elementos que agregam à sua importância na narrativa. E tudo isso é costurado entre a linguagem verbal e a linguagem visual. As ilustrações surgem na narrativa como um elemento colaborador, além de proporcionar aos leitores identificar construções de independência e dependência com a palavra, contribui com a construção dos narradores, na medida que interfere na narrativa com outros elementos, como a capa, o título, as guardas e as próprias ilustrações que, junto com o texto verbal, nos fazem visualizar os narradores numa linguagem dinâmica e interativa.