Amazonas, Pátria da Água: um mergulho poético-imagético na escrita e na amazônida de Thiago de Mello

Abstract

Esta dissertação objetiva apresentar a Amazônia a partir do viés e da voz amazônida (voz local), analisando o papel da água, particularmente dos rios, na obra Amazonas, pátria da água, de Thiago de Mello (1987; 1990; 2007). Por meio da tecitura narrativa, buscou-se compreender a poética-imagética construída pelo autor e sua inscrição na memória amazônida, em meio às relações socio-históricas nas quais obra e autor estão inseridos e, a partir disto, construir reflexões sobre a realidade amazônica. O caminho metodológico utilizado foi a pesquisa bibliográfica qualitativa, aliada às análises iconográfica e fenomenológica. A fundamentação teórica se pautou, principalmente, nas concepções e ideias de Pizarro (2012), Gondim (2019), Glissant (2005, 2021), Achugar (2006) e Mignolo (2020). O exame acerca da poética-imagética das águas teve como base as reflexões de Bachelard (2001; 2018), Bauer e Gaskell (2008), Loureiro (2008; 2015) e Nunes (2004). A partir desses fundamentos, foi elaborado o conceito “litera-rios”, utilizando-o na análise literária da obra, examinando-a também a partir dos conceitos: rastro/resíduo, balbucioteórico latino-americano e gnose ou pensamento liminar. Realizada a análise, considera-se que as narrativas locais, a exemplo da obra examinada, permitem conhecer e mesmo resgatar, as vozes, as memórias, a consciência histórica e as identidades que compõem a heterogeneidade de culturas, povos e etnias amazônidas, possibilitando perceber a poética da relação em meio à aquopoética do lócus amazônico. Além disso, os resultados apontam que o discurso insubmisso e engajado do autor se configura como um instrumento de combate e resistência à subalternização dos saberes locais, contrapondo-se ao discurso hegemônico emanado dos centros globais de poder.