Representação, imaginário e modernidade em três histórias do livro trem vivo (2013)

Abstract

Este trabalho tem por objetivo analisar a analogia entre imagens e formas discursivas que, tradicionalmente, giram em torno da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) e do universo amazônico. Para a elaboração da proposta, escolhemos dois contos e uma crônica escritos por autores de Porto Velho (RO), destacando características que versam sobre a representação, o imaginário e a modernidade na selva. Assim, foram selecionadas as seguintes narrativas: “O menino e o trem”, de Viriato Moura; “MadeiraMamoré folclórica”, de Yêdda Borzacov; e “Em rota de colisão”, de Samuel Castiel, todas publicadas no livro intitulado Trem vivo: viagem ao imaginário da Ferrovia do Diabo (2013). A escolha dessas narrativasjustificam-se por possuírem em seus enredos elementos que perpassam pelas histórias ao longo da E.F.M.M, e sua representatividade para as inúmeras pessoas que compõem o imaginário em torno da cidade e da floresta, formado através dos relatos da cultura popular local. Nossa hipótese básica é a de que o mundo representado por essas produções literárias, (comparado com imagens históricas a respeito da EFMM), traduz causos e lendas, de modo a acentuar uma resistência por parte de certa memória coletiva atinente ao “Trem-fantasma” e à Amazônia. Nesse sentido, fica evidente que, nas narrativas e no contexto em que foram publicadas, as figuras do trem, da ferrovia, dos vagões, bem como a descrição da paisagem natural, a partir desse imaginário representacional, criam um mundo ficcional envolvente diante de suas tessituras construídas e reconstruídas através dos tempos. Tudo isso perpassa pela modernidade das máquinas e das construções, deixando os legados do progresso e da destruição. Portanto, podemos obaservar a maneira pela qual cada escritor tece seu texto, sempre voltando-se às memórias e aos causos alinhavados à Estrada de Ferro Madeira-Mamoré e seus personagens históricos. No âmbito teórico, trazemos textos de autores que tanto fazem parte do território crítico e literário nacional, quanto de um cânone filosófico e estético mais abrangente. Para a consecução de nossos objetivos, traçamos no decorrer desta dissertação um debate com obras de João de Jesus Paes Loureiro (2001), Sandra Jatahy Pesavento(2002), Neide Gondim (2019), Michel Pollack(1992), Julio Cortázar (1993), Walter Benjamin (1994), Paul Ricœur (2007), entre outros. Além disso, serão contextualizados aspectos teóricos da sociologia da literatura, conforme os conceitua Antonio Candido (2006), com intuito de verificar a forma como os textos literários em foco problematizam a dialética entre os fatores sociais, políticos, históricos, em consonância com os elementos estruturais das narrativas aqui analisadas.