A face invisível do feminino em Terra encharcada, de Jarbas Passarinho

Abstract

Nesta dissertação, realiza-se um estudo que revela aspectos colonizadores no que tange ao feminino na obra Terra Encharcada, de Jarbas Gonçalves Passarinho. A obra está ambientada nas terras alagadas dos seringais da Amazônia, no período da decadência do ciclo da borracha, e foi publicada pela editora Expressão e Cultura, em 2001. Esta pesquisa possui caráter bibliográfico, qualitativo, que se fundamenta no arcabouço teórico de Gayatry Spivak (2010), Michelle Perrot (2017), Bell Hooks (2021), Silvia Federici (2017), Cristina Wolff (2011), Márcio Souza (2010), Neide Gondim (2007), Edward Said (1995), entre outros teóricos que se cruzam e respaldam esta análise sob o viés pós-colonialista. Pela perspectiva dos estudos pós-coloniais, analisam-se questões relevantes da obra sobre lugar, povoamento, migração dos nordestinos à Amazônia e a colonização na região amazônica. Com destaque, analisar-se-á a história da mulher diante do patriarcado, mais precisamente da mulher na Amazônia, dentro dos seringais, subalternizadas e silenciadas pela dupla colonização, a qual gera consequências em como a mulher é vista na sociedade atual. Analisar a história em Terra Encharcada é provar que a mulher tem pouca ou nenhuma visibilidade também no espaço amazônico – até hoje. É provar que o silenciamento feminino ocorreu para além da Europa, Ásia e África. A análise dessa narrativa contribuirá para o processo de descolonização da mulher, já que na obra a ser analisada ela é mostrada, em sua existência, de maneira quase invisível e inaudível. É preciso, pois, descolonizar o feminino e, para tanto, há necessidade de se conhecer a história, desconstruí-la a fim de reconstruí-la, promovendo a liberdade e a autonomia da mulher, que lhe foram roubadas durante séculos.