Contribuições do trabalho colaborativo para a educação infantil: intervenção pedagógica com professoras de uma escola municipal de Porto Velho/RO

Abstract

As discussões acadêmicas, no campo da Educação Infantil, são diversas e expressivas no Brasil. No entanto, ações embasadas teoricamente em postulados histórico-culturais, nesta etapa educacional, são raras, no contexto da cidade de Porto Velho, segundo nossas observações e os estudos recentes do Grupo de Pesquisa HISTCULT UNIR. Esta pesquisa, diante deste cenário, objetivou planejar, implementar e avaliar uma intervenção pedagógica, junto a professoras de uma escola municipal de Educação Infantil da referida cidade. Conforme Damiani e colaboradores, nesse tipo de investigação, o pesquisador planeja e intervém em uma determinada situação educativa com a intenção de aprimorar processos que ali ocorrem e, posteriormente, avaliar a intervenção implementada e seus efeitos. Para tal, este trabalho se baseou, teórica e metodologicamente, na Teoria Histórico-Cultural, especialmente, nos postulados de Vigotski sobre Zona de Desenvolvimento Iminente, Imitação, e na perspectiva de Trabalho Colaborativo, adotada por Damiani e disseminada na Região Norte por Castro. A pesquisa foi realizada com quatro professoras de Educação Infantil, sendo os critérios de seleção adotados, para a inclusão dessas participantes, atuarem em turmas de Pré-II da escola intencionalmente selecionada e aceitarem participar da pesquisa. A intervenção constituiu-se como uma ação formativa continuada com foco nas possibilidades de Trabalho Colaborativo na Educação Infantil junto às professoras participantes, valorizando o contexto do cotidiano de trabalho e, ao mesmo tempo, contribuindo para a concepção de novas práticas educacionais e, -visando ao desenvolvimento dos estudantes, a partir de pressupostos histórico-culturais. O método dialético foi a abordagem de pesquisa empregada, a partir da unidade de análise “Relação entre a formação e a prática de professoras de Educação Infantil em Porto Velho/RO”, suportada por dois eixos analíticos: 1. Formação inicial e continuada de professoras de Educação Infantil; e 2. Prática colaborativa na educação infantil e a intervenção pedagógica. O primeiro eixo foi apoiado pelas abstrações auxiliares “formação inicial e contribuições teórico-práticas para o trabalho colaborativo em Educação” e “sentido e significado da formação continuada para a prática pedagógica colaborativa na Educação Infantil”. O segundo, por sua vez, foi apoiado pelas abstrações “tomada de consciência para a prática colaborativa na Educação Infantil” e “avaliação da intervenção pedagógica para o trabalho colaborativo na Educação Infantil”. Com base nos achados da pesquisa, cabe destacar, por um lado: o descrédito das professoras quanto à importância de referenciais teóricos para suas práticas; o desconhecimento acerca de pressupostos da Teoria Histórico-Cultural antes da intervenção, com poucas e superficiais referências à Vigotski; e a falta de sentido atribuída pelas professoras às ações de formação continuadas das quais têm participado. Por outro lado, como consequência da intervenção pedagógica, há indícios de que as participantes conseguiram compreender o significado do termo Trabalho Colaborativo e atribuir-lhe sentido para sua prática; e se apropriaram de pressupostos teóricopráticos fundamentais da THC, referentes ao desenvolvimento infantil, tomando consciência da importância desses pressupostos, não somente à execução de atividades colaborativas, como também para a atuação na Educação Infantil de uma forma geral. Avaliamos a intervenção pedagógica como positiva pelos avanços percebidos entre as participantes. Conclui-se chamando a atenção para a necessidade de mais pesquisas relacionadas às possibilidades de Trabalho Colaborativo na Educação Infantil e de mais ações formativas que suscitem atividades colaborativas na Educação Escolar, tanto pela formação inicial como pela formação continuada de professores. Poderão contribuir para a materialização de mais práticas efetivamente colaborativas nas escolas de Porto Velho, propiciando aos docentes, ao mesmo tempo, apropriarem-se de pressupostos da THC considerados potentes no que refere ao desenvolvimento infantil.