Formação e ação docente quanto ao uso pedagógico de tecnologias emergentes na educação infantil: uma investigação histórico-cultural em escolas públicas de Porto Velho/RO

Abstract

A partir de pressupostos da Teoria Histórico-Cultural, defende-se que as ferramentas tecnológicas sejam concebidas como resultado do processo histórico de elaboração da cultura humana. Isso porque as denominadas Tecnologias Emergentes (TE) passam a compor a vida das pessoas com muita intensidade, o que não se restringe à infância. Nesse contexto, esta pesquisa objetivou analisar as relações entre os processos formativos e as práticas de professores da Educação Infantil (EI) no que se refere ao uso pedagógico de TE. Tratou-se de uma pesquisa de abordagem dialética, do tipo exploratória, realizada em duas escolas públicas da cidade de Porto Velho/RO. Adotou-se como instrumento de coleta de dados a entrevista semiestruturada, combinando perguntas abertas e fechadas, aplicada entre os dias 09 e 16 de novembro de 2023, com seis professoras atuantes em turmas de Pré-II, sendo três de cada escola. O estudo se justificou pela relevância de se desenvolverem mais pesquisas relacionadas à temática na região Norte do Brasil, em especial, nessa etapa da Educação Básica, pois pouco se pesquisa sobre o uso de TE na EI. A pesquisa adotou como referencial a Teoria Histórico-Cultural, fundamentalmente, em pressupostos de L. S. Vigotski e D. B. Elkonin sobre o desenvolvimento infantil, assim como estudos de pós-vigotskianos contemporâneos e investigações recentes acerca da relação educação-tecnologia. Para a sistematização e análise dos dados, definiu-se a unidade de ánalise “Relação entre a formação e a prática de professoras da Educação Infantil mediante o uso pedagógico de Tecnologias Emergentes em Porto Velho/RO”, dividida em dois eixos analíticos: 1. Contexto da formação das professoras de Educação Infantil em Porto Velho/RO; e 2. Organização do ensino e ação docente na Educação Infantil, com foco no uso pedagógico de Tecnologias Emergentes em Porto Velho/RO. O primeiro eixo foi apoiado pelas abstrações auxiliares ‘Formação inicial’ e ‘Formação continuada’. O segundo pelas abstrações ‘Práticas pedagógicas mediante o uso de Tecnologias Emergentes e ‘Condições objetivas e subjetivas do trabalho docente no que se refere ao uso pedagógico de Tecnologias Emergentes’. Os resultados, oriundos das falas das seis professoras, indicam que em, sua formação inicial, não receberam conteúdos e nem tiveram experiências com as TE, pois se formaram em uma época em que pouco se utilizava e se falava sobre tecnologias digitais, ou smpartphones, por exemplo. Entre elas, três apenas citam nomes de autores e de teorias, mas não demonstram uso efetivo na prática pedagógica. Em termos de Formação continuada, duas não participaram de nenhuma ação voltada ao uso pedagógico TE, enquanto quatro afirmaram ter participado, contudo, segundo elas, tratou-se “de algo mais técnico e não especificamente pedagógico”. Em relação à prática pedagógica, todas consideram relevante incluir as TE na escola, pois é ludico, as crianças se sentem motivadas e muitas delas já as utilizam em casa. Quanto ao uso de aplicativos educativos, três docentes utilizam e uma delas afirmou que tal uso “trabalha memória e aprendizagem”. Há uma nítida diferença sobre as condições de trabalho comparando as duas escolas. Em uma delas, todas as docentes utilizavam SmarTV e notebooks e na outra nenhuma das professoras pode trabalhar com TE, pois não existe qualquer tipo de ferramenta tecnológica na escola. Frente à experiência no período pândemico, compreendem que as TE possibilitaram uma diversidade a mais de atividades pedagógicas e que essas devem ser mantidas na rotina pedagógica da escola. Conclui-se que as docentes possuem compreensão da importância do uso pedagógico das TE na EI, mas não receberam formação para tal, sinalizando necessidade de formação continuada e de melhores condições estruturais nas escolas públicas para se concretizar ações pedagógicas com TE na EI