Sistematização de experiências: uma estratégia para a construção coletiva de conhecimentos em agroecologia

Abstract

No contexto da crise do modelo hegemônico de produção, seguido da consciência alimentar e bem-estar, a agroecologia surge como proposta científica e apresenta um conjunto de ações e estratégias que fundamentam novas relações sociais e com a natureza, com ênfase na agricultura familiar. O adensamento e a difusão das experiências agroecológicas têm ampliado a visão sobre sua importância e propiciado um ambiente social e político adequado ao intercâmbio de inúmeras articulações e redes de modo a contribuir com esse crescimento. Nessa perspectiva o processo de sistematização de experiências na agricultura agroecológica torna-se um instrumento essencial para a promoção na troca do paradigma do desenvolvimento para o “Bem Viver”. Este último, está em constante construção e apresenta-se como uma crítica ao consumo inconsequente quanto à degradação ambiental e, enquanto sinônimo de felicidade, busca privilegiar o equilíbrio entre bem-estar e sustentabilidade. Através desse processo é possível uma reflexão crítica sobre as práticas agroecológicas vivenciadas em uma comunidade e articulá-las a uma política nacional de fortalecimento do conhecimento agroecológico. Esta pesquisa verifica os pressupostos da relevância da sistematização de experiência no campo agroecológico e da agricultura familiar. O objetivo é sistematizar práticas agroecológicas em núcleos de agricultura familiar do grupo Bem Viver localizado no município de Cacoal–RO. A pesquisa foi participativa havendo interação coletiva entre os integrantes das famílias e diálogo com os sujeitos que participaram do processo. A metodologia seguiu os passos propostos para sistematizar experiências de Oscar Jara Holliday, com adaptações. Cada passo foi identificado na forma de síntese de suas principais atividades e processos, ocorreu no decorrer de 12 meses. O processo sistematizador permitiu identificar as potencialidades e limitações a respeito das práticas sobre diversificação de cultura e manejo de solo na região estudada. Aprimorou as práticas agroecológicas do grupo e criou condições de compartilhamento. Aprofundou os conceitos e diálogos sobre o conhecimento agroecológico, recuperou, registrou e comunicou a trajetória do grupo Bem Viver. Houve aprendizado para todos os envolvidos a partir das vivências, e a o aprofundamento de conhecimentos acerca do tema. Todas essas características foram importantes estratégias para o fortalecimento do grupo, e para a construção do conhecimento agroecológico.