A quebra do silenciamento da mulher nortista: descolonizando o olhar acerca do erótico em narrativas musicais de dona Onete

Abstract

Esta dissertação revisita as abordagens pós-colonial/decolonial e os estudos do feminino, sobretudo no contexto decolonial abordando a mulher, seu ponto de vista, como vivenciou e sobreviveu ao feminismo e suas afamadas ondas, que mudanças foram de fato sentidas, qual o marco alcançado, de que forma a mulher se portou ou se tornou protagonista na literatura pós-colonial/decolonial. O objetivo geral é analisar a presença do erotismo em narrativas musicais de Dona Onete, evidenciando a quebra do silenciamento da mulher nortista e os aspectos colonizadores. O corpus da análise consiste em três músicas de distintas discografias de Dona Onete, de modo a identificar a retirada e a quebra do silêncio através das narrativas, analisando a questão do erótico. Trata-se de pesquisa bibliográfica, de cunho analítico-descritivo, com aporte teórico de autores como Márcio Souza (2009), Edward Said (1990), Homi Bhabha (1998), Gayatri Spivak (2014), Aníbal Quijano (2005, 2009), Walter Mignolo (2005, 2017), Frantz Fanon (2008), Lélia Gonzales (2020), Sueli Carneiro (2011), Mary Del Priore (2009, 2014), entre outros, cujos estudos impulsionam o descortinamento do patriarcado e a dominação tirana e segregada da figura feminina. Os resultados demonstram que, por séculos, a mulher foi vista como um ser degradante e subalterno, porém a mulher nortista lutou bravamente contra a opressão e a violência, buscando autonomia em ser mulher amazônica, diante dos desafios impostos pela cultura hegemônica dominante, machista e patriarcal. Nesse tear, espera-se embalar a voz da mulher, forte, aguerrida, que soube se reinventar na busca por espaços e equidade entre os sexos.