Entre ladeiras, procissões e topofobias: narrativas de assombrações da/na cidade de Porto Velho na obra Rio de Histórias

Abstract

O presente trabalho enfoca narrativas envolvendo elementos que provocam medo, por meio das paisagens topofóbicas, no município de Porto VelhoRondônia, localizado na região amazônica, a partir da construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, marco histórico da criação desse município. Por objeto de estudo, foram considerados quatro contos da obra Rio de histórias, a saber: A estranha criatura e a enchente histórica do Madeira e O mistério da ladeira Comendador Centeno, de Viriato Moura; A volta do além, de Yêdda Borzacov, e A maldição da pedra, de Samuel Castiel, com a finalidade de analisar o efeito das assombrações na construção das paisagens topofóbicas presentes nesses contos e dialogar culturalmente com as paisagens do medo em Porto Velho, por meio das narrativas de assombração. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, com abordagem qualitativa, fundamentada teoricamente nos estudos de Ana Pizarro (2012), Antonio Candido (1980, 2006), Antônio Cantanhede (1950), Gaston Bachelard (1997), Jean Delumeau (2009), João de Jesus Paes Loureiro (2015), Leandro Tocantins (1972), Mara Genecy Centeno Nogueira (2008, 2015), Manoel Rodrigues Ferreira (2008), Neide Gondim (2007, 2019), Márcio Souza (2009, 2019), Raymundo Moraes (1960, 2001), Sonia Maria Gomes Sampaio (2020), Yi-Fu Tuan (2005), Zygmunt Bauman (2008), entre outros. Os contos analisados demonstraram vários elementos significativos para a percepção do medo nessa parte da Amazônia, tais como a floresta, o rio, as ladeiras, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, os cemitérios e os bairros considerados lúgubres e perigosos. Nessas paisagens, pode-se ouvir a voz da cidade, de seu povo beradeiro. A cidade de Porto Velho possui um rico cenário de narrativas de assombração, o que contribui para a compreensão de paisagens do medo que produzem inúmeras crenças divulgadas como realidades e seguidas pelos moradores locais.