A subversão cabocla no romance a espera do nunca mais: uma saga amazônica, de Nicodemos Sena

Abstract

A presente dissertação investigou as representações da colonialidade e decolonidade na Amazônia no romance A Espera do Nunca Mais: uma saga amazônica, do escritor Nicodemos Sena. A pesquisa objetivou analisar, a partir da perspectiva decolonial, a forma como os discursos e as ações dos personagens caboclos subvertem a colonialidade representada pelo personagem Estefano. O caminho teórico-metodológico foi norteado por uma análise qualitativa interpretativa desses discursos e ações a partir da perspectiva dos estudos decoloniais, conduzindo-se pelas discussões dos teóricos pós-coloniais da América-latina. O foco de análise concentrou-se nos discursos e ações que trazem inscrições que se alinham com os objetivos decoloniais. Para a análise desses movimentos usamos os conceitos de colonialidade do poder de Aníbal Quijano (2003), as definições de modernidade de Enrique Dussel (1993), as ideias de projeto decolonial de Ramóm Grosfoguel (2020), a definição de pensamento descolonial de Walter Mignolo (2017). Reconhecer a decolonialidade presente em um texto literário que versa sobre a Amazônia explicita a necessidade de pensar a colonialidade do poder que se insinua tão veladamente em diversas instituições sociais, sobretudo na literatura. A leitura pós-colonial do romance A Espera do Nunca Mais: uma saga Amazônica possibilitou perceber que os discursos e as ações dos personagens caboclos operam uma subversão cabocla ao reconhecerem a colonialidade do poder nos discursos e ações do personagem Estefano e ao apresentarem os saberes caboclos como estratégia de superação a ela.