Currículo e interseccionalidade: construção do espaço de poder da mulher preta oficiala combatente da PMRO

Abstract

Esta dissertação tem como objetivo central analisar o impacto do Currículo de Formação de Oficiais da Polícia Militar de Rondônia (PMRO) na ascensão e assunção de mulheres pretas ao oficialato, um espaço de poder militar predominantemente masculino. Como objetivo específico, avaliar como a interseccionalidade determina a mobilidade social das mulheres pretas, pobres e periféricas nesses espaços de poder, neste caso específico, junto ao oficialato de combate da PMRO, considerando-se a seguinte questão investigativa: como o lugar de fala, o gênero e a raça se traduzem em avanços, ou não, no percurso profissional dessas mulheres? Como fundamentos teóricos para a análise da interseccionalidade, procurou-se suporte nos estudos de autores como Davis (2016), Lorde (2009) e Akotirene (2019), entre outros; com relação ao currículo, a análise se apoiou nos teóricos Silva (2010) e Sacristán (2000). Além disso, houve a necessidade de se buscar referências nos percursos formativos de mulheres oficiais por meio da recuperação da memória dos cursos, na legislação que ampara as formações e em normativas internas da PMRO. Tais informações foram coletadas por meio de um trabalho de arqueologia documental. A hipótese aventada é a de que, apesar de todas as dificuldades, a mulher negra tem alcançando o oficialato na PMRO, ainda que em uma quantidade aquém da representação percentual na sociedade. A análise do currículo de formação de oficial, bem como o confronto entre o referencial teórico e os avanços no percurso profissional das oficialas pretas sinalizam para o fato de que raça, gênero e lugar de onde falam têm impacto decisivo para definir qual lugar da cadeia de comando será ocupado pelas mulheres pretas que vencem a barreira e conseguem atingir o status de oficial.