O processo de construção de um aplicativo móvel para o ensino de geometria espacial

Abstract

Os dispositivos móveis vêm ganhando espaço na educação, principalmente como opção do recurso de aprendizagem móvel (m-learning), ou seja, aprender enquanto se está em movimento. A reflexão do emprego pedagógico dessa tecnologia, perpassa pelo processo de construção de aplicativos educacionais, a serem utilizados nos dispositivos móveis. Ou seja, o processo de criação de um aplicativo não pode ser realizado sem uma devida preocupação com as questões epistemológica e pedagógica. O objetivo desta pesquisa é analisar, sob à luz da Teoria de Sistemas de Atividade (TSA) e o constructo Seres- Humanos-Com-Mídias, o processo da atividade de construção de um aplicativo móvel para o ensino de Geometria Espacial com emprego da Realidade Aumentada. Na questão epistemológica, o papel de atores não humanos (mídias) no processo de produção matemática Borba e Villarreal, (2005), Souto e Borba, (2016), Villarreal e Borba, (2010) sugerem a promoção de novas formas e estruturas do pensamento. Já na questão pedagógica, foi utilizado um aporte teórico condizente às necessidades educativas atuais, tendo em vista que a pedagogia baseada na transmissão do conhecimento assume passividade e naquela baseada na aquisição assume atividade por parte do aprendiz (ENGESTROM, 1999). Dessa forma, a proposta do aplicativo é que o estudante observe os objetos presentes no meio social (em especial objetos geométricos na construção civil) e os correlacionem com os objetos geométricos do aplicativo por meio da sobreposição de imagens (real e virtual), de modo que seja visualizado o sólido em conjunto de suas especificidades. Assim, conjectura-se a apropriação de noções básicas de cálculos, medidas de áreas e volumes, se tornando indispensável compreender as formas geométricas para empregá-las no meio social, como por exemplo nas obras de construção civil. A opção metodológica fundamenta-se na abordagem qualitativa, tendo como base a concepção epistemológica da Teoria de Sistema de Atividade (ENGESTROM, 1999) e também no constructo Seres-Humanos-Com-Mídias (BORBA, 2001). Para avaliar a análise dos dados, definiu-se como ferramenta analítica o ciclo de desenvolvimento expansivo, inscrito como o quinto princípio da Teoria de Sistema de Atividade. Os resultados da pesquisa indicam que os envolvidos vivenciaram três mediociclos expansivos e demonstraram suas evoluções qualitativamente em cada um deles. Os três mediociclos foram: participação de encontros para discutir a construção do aplicativo; elaboração de artigos científicos; e a finalização da construção do aplicativo com emprego da realidade aumentada. O aplicativo denominado GeoRondo foi registrado (possui patente de programa de computador), e buscou construir meios que permitam permear teoria e prática, distanciando-se dos métodos e hábitos tradicionais de aprendizagem (oralidade e escrita), promovendo assim contextualizações por meio das figuras geométricas que compõem os monumentos históricos de Rondônia e da construção civil que se fazem presentes no dia a dia, o que pode contribuir para o processo de ensino-aprendizagem da Geometria Espacial.