Intermidialidade na literatura de site specific, um romance, de Fabio Morais

Abstract

A prosa romanesca consiste em uma narrativa composta por alguns elementos que, resumidamente, envolvem ao menos um sujeito agindo em um tempo-espaço. Há, no entanto, obras que fogem a essa estruturação. Por vários estudiosos o romance é considerado um dos gêneros mais flexíveis da literatura. E justamente por escapar dos moldes fixos que poderiam identificá-lo com precisão sua definição sucinta seria simplória e problemática. Considerando isso, o presente estudo pretende analisar: as variáveis destoantes do romance convencional que ocorrem na “obra literartística” Site Specific, um Romance (2013), de Fabio Morais, situandoo no âmbito do romance contemporâneo brasileiro. A proposição exposta implica o estudo da ocorrência da espacialidade na interação entre as linguagens literária e artística constituintes na poética do livro. Para tal proposta estão postas as seguintes questões: como o romance experimental destoa do tradicional; como os títulos dos capítulos-seções correspondem visualmente com suas respectivas formas textuais; de que maneira são as manifestações do espaço no romance e nas artes visuais; como a obra em análise insinua um cenário expositivo e a noção de lugar específico (site-specific) no livro. A fim de corroborar com este diálogo foram utilizados autores como: Claus Clüver em sua abordagem das relações intermidiáticas, aprofundadas por Irina Rajewsky na concepção dos estudos literários; Luiz Alberto Brandão na sistematização do espaço literário; Franco Moretti e Massaud Moisés quanto ao histórico e transformações do gênero romance; Regina Dalcastagnè e Leyla Perrone-Moisés na identificação do romance contemporâneo brasileiro; Nicolas Bourriaud, Leonardo Villa-Forte sustentando a contextualização sobre as práticas de apropriação na produção artística e literária; entre outros. A obra então, pode ser lida sob perspectiva da intermidialidade já que a estrutura textual e a utilização dos paratextos evidenciam ampla relação entre as diferentes percepções de espacialidade oriundas da influência das artes visuais e da literatura.