Professores que atuam fora de área de formação podem influenciar na nota do ENEM?

Abstract

A prática do ensino fora da área de formação é uma realidade vivenciada nas escolas do Brasil e de Rondônia. Este estudo investigou se houve alteração nas médias das escolas Estaduais de Rondônia, na área de Ciências da Natureza (CN), do ENEM de 2017. Para este fim, foram analisados os dados retirados do CENSO Escolar e dos microdados do ENEM, ambos de 2017. Após a realização da filtragem dos dados, conforme os critérios estabelecidos pela pesquisa, as escolas foram separadas em três amostras, de acordo com a graduação dos professores: Conjunto 1A (bacharéis e licenciados em biologia, física ou química), Conjunto 1B (licenciados em biologia, física ou química) e Conjunto 2 (graduados em outras áreas do conhecimento + graduados em ciências naturais). Os resultados mostraram a existência de professores atuando fora da área de formação em 81 % das escolas Estaduais de Rondônia. Outro dado relevante é que, as escolas onde a graduação do professor foi compatível com a disciplina ministrada estiveram relacionadas com as notas mais altas dos alunos no ENEM (Conjunto 1B, Grupo 1, média 495), enquanto as notas mais baixas estiveram relacionadas às escolas onde teve a incompatibilidade entre a formação do docente e a atuação em disciplinas de CN (Conjunto 2, Grupo 1 a 5, média 480). Foi possível detectar uma pequena tendência de queda nas médias das escolas dos Conjuntos 1A e 1B, conforme houve o aumento do número de disciplinas incompatíveis à formação dos professores. Ainda, os resultados mostraram que no Conjunto 2, não houve relação causal de alteração nas médias das escolas conforme ocorreu o aumento no número de disciplinas incompatíveis, visto que os professores pertencentes a este Conjunto não possuem graduação compatível com a área de CN. Uma conclusão deste estudo é que, independente do Conjunto, dos Grupos internos ou tendências, todos estão no mesmo nível de proficiência na escala do ENEM. Dessa forma, é necessário a investigação de outros fatores (sistêmicos ou individuais) que possam ter maior representatividade explicativa para o desempenho dos estudantes.