Aprendi na vida, mas poderia ter aprendido na escola: narrativas sobre educação sexual e sexualidade por egressos do ensino médio.

Abstract

A sexualidade é resultado de uma construção histórico-social e ideológica da sociedade e a Educação Sexual é atravessada pela sexualidade, portanto intimamente entrelaçada com as características da sociedade. Educar para a Sexualidade implica respeitar as especificidades de cada pessoa e atuar com equidade no seu contexto, fazendo com que cada um(a) se aproprie dos assuntos que por hora são tratados como tabus, para poder vivenciar a plenitude da sexualidade, com a liberdade de quem conhece e respeita a si próprio, e consequentemente respeita todos. A Educação em Sexualidade sempre esteve presente em muitas culturas, geralmente os membros da família ensinavam os jovens sobre puberdade, sexo e relacionamento; agora, à medida que as sociedades mudam, a responsabilidade está sendo cada vez mais dividida entre funcionários da saúde, professores e escolas. Esta pesquisa está inserida na temática da Educação Sexual e da sexualidade, e tem como elementos centrais as narrativas de ex-alunos(as) do Ensino Médio da autora do estudo. O que você gostaria de aprender sobre Educação Sexual? Esta foi a questão-problema e a fagulha que inspirou essa pesquisa. O objetivo geral foi analisar as narrativas sobre Educação Sexual e sexualidade de ex-alunos(as) do Ensino Médio de duas escolas estaduais do município de Ji-Paraná, RO. Estabeleceu-se três objetivos específicos: fazer uma revisão bibliográfica, de artigos sobre a temática da Educação Sexual que trouxessem o(a) aluno(a) como protagonista; analisar a temática da Educação Sexual nos Planos Políticos Pedagógicos, nos Planejamentos Anuais dos(as) professores(as) de Biologia, sobretudo nos livros didáticos utilizados pelos(as) ex-alunos(as) no 1º ano do Ensino Médio. O trabalho possui uma abordagem qualitativa, os dados foram construídos a partir das informações obtidas nas entrevistas, das análises dos livros didáticos e dos autores de base da pesquisa. Nove ex-alunos(as) foram entrevistados por meio de narrativas orais. Três coleções de livros didáticos do componente curricular Biologia foram analisados especificamente quanto aos assuntos referentes a Educação Sexual. Os principais teóricos que embasaram a pesquisa foram Michel Foucault, Guacira Lopes Louro e Mary Neide Damico Figueiró. Os assuntos suscitados pelos(as) entrevistados(as) foram surpreendentes, e apontaram possíveis caminhos para uma Educação Sexual emancipatória e inclusiva. Constatamos que a Educação Sexual atualmente está limitada aos aspectos biológicos e preventivos, o que não contempla a diversidade da sociedade, também não gera um autoconhecimento para viver a plenitude da sexualidade, tão pouco a liberdade. A Educação em Sexualidade dá ao jovem a chance de pensar criticamente dentro da cultura e da sua sociedade, ensina sobre respeito e igualdade, muda valores e atitudes. No contexto político-social conservador brasileiro, a escola vem reproduzindo os interesses do Estado, portanto, fazse necessário quebrar os silenciamentos sob o julgo do poder-saber, para haver um processo de educação justa e de qualidade, que resultaria no desenvolvimento social e minimizaria as deturpações morais.