De Diaruí a Pitt: a desconstrução da identidade indígena sob a perspectiva dos estudos pós-coloniais

Abstract

A presente dissertação é o resultado da análise do processo de desconstrução da identidade cultural do personagem principal do romance Diaruí, de Antônio Cândido da Silva. O personagem Diaruí é um indígena do povo Karipuna, que foi abandonado para morrer devido a sua condição física, que era bem debilitada, após ser picado por uma cobra. Apesar de ter sido tratado pelo pajé, não apresentou melhorias e nessa circunstância foi encontrado pelos funcionários da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré, sendo tratado pelo Dr. Lovelace no Hospital da Candelária por dois anos. Diaruí, a partir desse momento, começou a sofrer o processo de colonização e por consequência os mecanismos de desconstrução de sua identidade. Dentro do escopo da relação de poder entre colonizador e colonizado, este trabalho foca, por meio da ótica dos estudos pós-coloniais, o processo pelo qual Diaruí atravessa convivendo com os não-indígenas, de modo que essa convivência o oprimente e o muda completamente. Esse trabalho trata-se de uma pesquisa bibliográfica, de abordagem qualitativa. Para este estudo, foram utilizadas as concepções teóricas de Albert Memmi em seu trabalho Retrato do Colonizado precedido de Retrato do Colonizador (2021) e Frantz Fanon em Os Condenados da Terra (1961), além de teóricos e estudiosos pós-colonialistas, tais como: Enrique Dussel (1993), Stuart Hall (2002), Pierre Bourdieu (1989) e Aníbal Quijano (2019), entre outros. Mediante a pesquisa constatamos que Diaruí, e sua identidade cultural Karipuna, morreram com a picada da serpente. Em meio ao colonizador a identidade indígena desse personagem foi desconstruída, e em cima dela foi construída a identidade hibrida de Pitt, tal aspecto evidencia as fortes influências da colonização na identidade desse indígena e de sua tribo.