Doenças de veiculação hídrica em Rondônia: Uma análise espaço temporal

Abstract

Este estudo analisou as notificações de doenças de veiculação hídrica (DVH) no estado de Rondônia entre os anos de 2010 e 2021. Trata-se de estudo epidemiológico observacional, descritivo, realizado de forma transversal e abordagem quantitativa. Os dados foram obtidos por meio do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), Sistema Informatizado de Vigilância Epidemiológica da Malária (SIVEP-MALÁRIA) e Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM). Para o estudo, foram consideradas as variáveis data de notificação, município de notificação, data de nascimento, sexo, gestante, raça/cor, escolaridade, zona de residência, sinais e sintomas, classificação final, critério de confirmação e evolução do caso das notificações de DVH incluídas na Lista Nacional de Notificação Compulsória de Doenças, Agravos e Eventos de Saúde Pública. Foram excluídos da análise, os casos que não foram notificados em Rondônia e aquelas em que a classificação final não correspondeu a doença estudada ou estava em branco. Os dados foram armazenados e analisados por meio de cálculos de taxa de incidência e taxa de mortalidade no Programa Microsoft Excel e o perfil epidemiológico através de estatística descritiva no software Statistica, da TIBCO, versão 13.5.0.17. No perfil epidemiológico das DVH, houve predomínio de pacientes do sexo masculino, faixa etária de 20 a 29 anos, raça/cor parda, residentes de zona urbana, mais do que 8 anos de estudo, confirmação por critério laboratorial e evolução de cura. Houve maior incidência de doenças onde os vetores ou hospedeiros de desenvolvem na água e todas as doenças avaliadas apresentaram baixo coeficiente de mortalidade. Ainda que as DVH tenham um perfil de baixa mortalidade, os impactos causados na saúde pública contribuem com elevados custos com a assistência à saúde, dentre eles para aquisição de insumos para atendimento, coletas de amostras, medicamentos, processamento de exames laboratoriais, logística para o fluxo de amostras, internação, entre outros, os quais oneram o erário e causam a superlotação nas unidades de saúde. Os fatores que contribuem para a ocorrência das doenças estão relacionados à gestão inadequada da água domiciliar, saneamento precário e gestão de resíduos sólidos. Como solução, faz-se necessário que a gestão governamental invista na estruturação do saneamento básico por meio de sistemas de abastecimento de água e de esgotamento sanitário, educação em saúde para sensibilizar a população, capacitação dos profissionais de saúde, manejo de resíduos sólidos, drenagem e manejo ambiental, melhorias sanitárias domiciliares, pesquisas e desenvolvimento tecnológico em saúde ambiental e saneamento, entre outros.