Escrevivências discentes: histórias e memórias de alunos bolivianos residentes na fronteira de Guajará-Mirim BR

Abstract

O artigo ora apresentado traz os resultados de uma pesquisa de campo que teve como objetivo geral identificar as vivencias escolares a partir de um processo de escrita realizado por alunos imigrantes bolivianos e descendentes, matriculados em escolas públicas do município de Guajará-Mirim no estado de Rondônia, na fronteira com a cidade de Guayaramerín - Beni/BO. Quanto aos específicos procuramos identificar as relações construídas por esses alunos no espaço escolar, e ainda, reconhecer a partir das narrativas quais os lugares dentro da escola que marcaram as melhores experiências vividas na escola. Nosso caminho investigativo está fundamentado na pesquisa descritiva qualitativa, conforme Gil (2008) esse tipo de pesquisa é utilizado para descrever as características de determinada população ou fenômenos ou o estabelecimento entre variáveis. A partir desse caminho metodológico buscamos responder nossa questão problematizadora: Quais as memórias que os alunos imigrantes bolivianos e descendentes carregam das vivências no espaço escolar brasileiro da fronteira? O processo de organização das memórias dos estudantes ocorreu a partir de escritas voluntárias, as escrevivências. Evaristo (2010) considera que escrever sobre nossas vivências nos ajuda a reconstruir o passado e projetar um futuro promissor. Para a análise do material produzido pelos estudantes nos fundamentamos nos estudos de Candau (2005), sobre diversidade cultural e os processos colonizadores; o documento orientador CGEB/NING (2018), sobre o acolhimento na ação pedagógica intencional e Santos (2012), sobre a educação em fronteira. Em nossa análise e reflexões identificamos que as escritas foram reveladoras e importantes, pois consideramos que o lugar que o imigrante ocupa hoje na escola pública do município de Guajará-Mirim RO/BR é bem diferente de 15 anos atrás, quando ser reconhecido como boliviano era motivo de brincadeiras preconceituosas. Hoje as escolas estão mais abertas, e inclusivas, o espanhol não é mais uma língua silenciada, ela ganhou espaço nos processos interativos da comunidade escolar e nesse contexto o professor tem um papel fundamental.