“Fazer dançar a pedagogia”: as Danças Circulares na promoção de uma nova ética docente e ampliação da consciência social de estudantes em uma escola pública rural de Ji-Paraná, Rondônia

Abstract

Este trabalho apresenta os resultados de um projeto utilizando Danças Circulares na educação, realizado com estudantes dos anos finais do Ensino Fundamental, de uma escola pública rural no interior do município de Ji-Paraná, estado de Rondônia. O objetivo principal foi investigar a potencialidade da Dança Circular (DC) no desenvolvimento socioafetivo e sua relação com a consciência social dos estudantes. Por isso, sua problemática caminhou em busca de pensar: “como a Dança Circular potencializa o desenvolvimento socioafetivo e a consciência social dos estudantes?” Para fundamentar esta pesquisa, apresentamos uma discussão histórica sobre a Dança Circular, fundamentada em autores como Garaudy (1980), Barton (2018), Wosien (1997; 2000; 2022), entre outros; e uma pedagogia dos corpos para uma nova ética profissional, uma vez que não nos cabe pensar a intelectualidade deslocada do corpo e do movimento, amparada nas discussões de Arroyo e Silva (2012), Marques (2007) e Moreschi (2017). A metodologia que permeia essa discussão tem base na pesquisa e na análise qualitativa, na qual foi desenvolvida uma pesquisa-ação (MINAYO, 1992; TRIPP, 2005; PENTEADO, 2010) e a teoria histórico-cultural de acordo com Prestes (2010) e Bock, Gonçalves e Furtado (2001), e como caminho de análise os núcleos de significação segundo Aguiar e Ozella (2006). A trajetória metodológica envolveu dois momentos. O primeiro momento ocorreu na escola, no ano de 2017, e contou com a participação de 69 estudantes entre 12 e 16 anos. Após os alunos conhecerem o que era a Dança Circular, foram realizadas vivências que contaram com a participação de todos. Essa atividade foi apreciada por toda a comunidade escolar e ganhou notoriedade para além da escola. Neste momento foi possível perceber a urgência da ética profissional docente ser pautada no reconhecimento dos corpos infantis e de adolescentes que almejam serem vistos para além das habilidades cognitivas. O segundo momento da pesquisa ocorreu cinco anos após a realização da atividade, em 2022, e contemplou a localização dos estudantes já egressos e o convite para responderem um questionário sobre as impressões deles em relação à vivência da Dança Circular na escola em 2017. As informações geradas a partir do questionário evidenciaram que a vivência é lembrada como uma atividade positiva e significativa na trajetória escolar dos estudantes, fazendo ainda sentido, mesmo anos após a sua realização. Além disso, também foi possível perceber que para os estudantes a Dança Circular na escola possibilitou que eles tivessem uma melhor percepção da relação com o Outro e com o Eu pessoal, que resultou numa melhora na convivência dentro e fora da sala de aula. Outro ponto destacado nas respostas dos estudantes foi que a Dança Circular na escola permitiu o acesso a novos conhecimentos e à diversidade cultural, que até então as demais atividades escolares não tinham permitido. Por fim, também foi destacado pelos estudantes a importância de consolidar essa atividade em outras escolas, com a finalidade de trazer à vida de outros estudantes os benefícios que orientam a Dança Circular.