Memórias de um certo eldorado: morte e orfandade, uma análise das construções identitárias do narrador presentes na obra Órfãos do Eldorado, de Milton Hatoum

Abstract

Neste trabalho, realiza-se um estudo historiográfico-literário do romance Órfãos do Eldorado de Milton Hatoum, publicado em 2008 pela editora Companhia das Letras. O escopo desta dissertação busca analisar por meio dos enunciados discursivos de morte e orfandade, as construções identitárias do narrador na obra Órfãos do Eldorado do autor amazonense, bem como, interligar as questões ligadas a memória com a identidade e os traços pós-coloniais de Arminto. Cabe dizer, que Milton Hatoum utiliza em seus romances problemáticas sociais do período colonial, emtramas que se desenvolvem em Manaus, nas cidades ribeirinhas e no correr do Rio Amazonas. Vale destacar que a abordagem teórica utilizada neste trabalho está alicerçada em autores pós-coloniais, como Neide Gondin (2007), Walter Mignolo (2008), Anibal Quijano (2007), Frantz Fanon (2007), entre outros que se enquadrem em estudos pós- coloniais, bem como, autores que retratam as subjetividades e construções identitárias como e apontam emseus estudos aportessobre memórias, o enfoque basilar deste estudo. Os resultados evidenciam que partir das memórias revividas por Arminto, é possível assimilar os significados que cada situação, ou seja, à morte, orfandade e as relações conflituosas com o pai, podem ter sido elementos impulsionadores de seus desacertos, exílio interno, e também, ações diferentes de seus antepassados como, o respeito pelos povos indígenas desde os saberes até a cultura destes. Deste modo, partir dos elementos mencionados acoplados a rememoração fator que contribuiu para compreender como tais componentes ajudaram na construção da identidade de Arminto Cordovil é possível dizer que a narrativa de Hatoum evidencia que a memória é um fator atuante na construção da identidade do personagem central, auxiliando-o nas atitudes que o tornamumhomemcomatitudes pós-coloniais mesmo sendo de uma família de colonizadores. Portanto, no entrelaçamento que Hatoum faz em sua obra nota-se, que a morte e a rejeição também foram elementos contribuitivos no desenvolvimento da identidade de Arminto, assim como o seu sentimento de pertencimento a Vila Bela.