Do bebê ao gestor da educação infantil: percorrendo os caminhos da política educacional de 0 à 3 anos no município de Ji-Paraná/Rondônia

Abstract

Este trabalho teve como objetivo conhecer a prática pedagógica desenvolvida no berçário do munícipio de Ji-paraná/Rondônia, bem como a formação dos profissionais que atuam nesse espaço educativo e a política de oferta de vagas no berçário. Os resultados que aqui são apresentados traduzem uma caminhada investigativa ampla que perpassou o contexto da sala de aula, da gestão e da comunidade. Para tanto, a fundamentação teórica foi pautada em documentos legais como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação/LDB (1996), o Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil/RCNEIs (1998), as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil/DCNEI (2009) a Base Nacional Comum Curricular/BNCC (2017) e o Referencial Curricular de Rondônia/RCRO (2020) e as Orientações Curriculares de Ji-Paraná (2020). Os teóricos que embasaram sobre a educação com bebês foram Soares (2020), Martins Filho (2011, 2012), Fochi (2015). A pesquisa foi de abordagem qualitativa, e seguiu os delineamentos do estudo de caso e pesquisa bibliográfica. O período de realização da pesquisa de campo com os bebês no berçário e a entrevistas foi de 08 de novembro a 08 dezembro de 2022. Os sujeitos que participaram da pesquisa foram: sete bebês e seus respectivos pais/mães, as duas pedagogas que atuavam no berçário da instituição, a professora formadora que integrava a gestão do berçário e a gerente da educação infantil da SEMED – Secretária Municipal de Educação, que na época respondia pelo setor. Por meio da observação participante foi possível perceber o quanto o berçário é um espaço essencial para ampliar as vivências e experiências dos bebês. Após a realização das entrevistas, elas foram transcritas e analisada que permitiu a identificação de núcleos de significação de acordo com Aguiar e Ozella (2006). Por fim, podemos identificar que, para os pais o berçário é interpretado de forma mais consensual como uma instituição que atende as necessidades dos pais que trabalham, porém é possível perceber uma tendência que caminha para o reconhecimento desse espaço como um direito dos bebês. Por outro lado, as professoras sinalizam a necessidade de incluir na formação inicial e continuada as especificidades pedagógicas que envolvem a atuação do educador nas turmas de berçário, tanto no sentido de esclarecer as diferenças entre as demais etapas da escolarização das crianças como também especificar o que são as atribuições docentes de quem atua no berçário. Além disso, a professora formadora também evidenciou a necessidade de melhoria da estrutura física e ampliação da oferta de vagas. Porém, não teve tanta expressividade a necessidade de formação continuada, o que se distancia da argumentação apresentada pelas professoras. Por fim, destacamos que a Gerência de Educação Infantil apresentou conhecimento político, teórico e humano que permite perceber as potencialidades e fragilidades da política educacional do município em atenção às necessidades dos bebês, além de ficar evidente na entrevista o compromisso e empenho dedicado para o reconhecimento dos bebês como sujeitos ativos, potentes e cidadãos de direitos respeitando seu momento histórico de desenvolvimento e aprendizagem. Ao percorrer cada um desses contextos foi possível compreender que a prática pedagógica desenvolvida com os bebês ainda é pouco pautada no campo teórico e que é urgente a criação de um percurso formativo específico e direcionado para os profissionais que atuam no berçário.