AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE INSETICIDA DE EXTRATOS DAS FOLHAS DE Ephedrantus amazonicus R. E. FRIES (ANONACEAE) E INFRUTESCÊNCIAS DE Piper nigrum L. E Piper tuberculatum JACQ. (PIPERACEAE) SOBRE A BROCA-DO-CAFÉ (Hypothenemus hampei Ferrari)

Abstract

As lavouras de café são uma importante atividade agrícola em muitos países, mas estão sujeitas a diversas pragas que podem prejudicar tanto o crescimento quanto a produção das plantas. A broca-do-café, Hypothenemus hampei Ferrari (Coleoptera: Curculionidae: Scolytina, é uma das pragas mais relevantes para a cultura do café. Tradicionalmente, o controle químico tem sido amplamente utilizado para lidar com essa praga, mas ele pode apresentar riscos para a saúde humana e para o meio ambiente. Nesse contexto, tem sido cada vez mais comum a busca por soluções alternativas de controle de insetos que reduzam os efeitos adversos dos inseticidas. Uma dessas soluções é o uso de plantas e a utilização de seus componentes químicos com atividade inseticida como potenciais ferramentas no manejo de pragas. Diante disso, o objetivo deste estudo foi avaliar o uso de extratos botânicos com potencial inseticida no controle de H. hampei, bem como a eficácia das vias de aplicação (uso tópico, superfície contaminada e pulverização). Para tanto, o estudo foi realizado no laboratório de Entomologia da Embrapa Rondônia e envolveu o uso de folhas de Ephedranthus amazonicus pertencente à família Annonaceae e infrutescências de duas espécies da família Piperaceae (Piper nigrum e Piper tuberculatum). Inicialmente foi realizada a coleta do material vegetal das três espécies e preparo dos extratos hidroalcóolicos. Posteriormente, realizou-se a caracterização fitoquímica qualitativa dos extratos, através de testes baseados em coloração e precipitação. A avaliação da atividade inseticida foi executada conforme delineamento experimental de blocos ao acaso, com quatro repetições, constando de 10 tratamentos. Cada unidade experimental foi constituída por dez brocas por placa de Petri. Os extratos botânicos foram testados em três vias de contaminação sobre a broca-do-café, sendo elas: uso tópico, superfície contaminada e pulverização. Os resultados mostraram que os extratos botânicos apresentaram metabólitos secundários, tais como, saponinas, compostos fenólicos, flavonoides e taninos. Além disso, foram capazes de causar mortalidade na broca-do-café, embora em menor grau que o controle químico. O uso tópico provou ser a via mais eficaz de aplicação, uma vez que nessa via o extrato das infrutescências de P. nigrum apresentou eficácia de 96 ± 5,7%, de P. tuberculatum apresentou 81±22,9% de mortalidade e o extrato das folhas de E. amazonicus 34 ± 2,34%, após 48h de tratamento. Nessa mesma via de tratamento, os extratos de P. nigrum e P. tuberculatum apresentaram, respectivamente, os seguintes valores de concentração letal média (CL50), 5,39 ± 0,78 mg e 4,1 ± 3,32 mg. Não foi possível calcular valores de CL50 para o extrato de E. amazonicus em nenhuma das vias de tratamento. O presente estudo forneceu evidências de que esses extratos botânicos podem ser uma estratégia promissora a serem usados como uma alternativa aos inseticidas químicos no controle da broca-do-café, podendo oferecer benefícios ambientais e à saúde dos agricultores.