A mulher no imaginário escolar: uma discussão sobre a participação da família na escola

Abstract

Esta pesquisa investiga o modo de constituição da figura feminina construída historicamente a partir da observação dos papeis sociais a ela atribuídos: responsável pelos afazeres domésticos e cuidados com o desenvolvimento físico e educacional dos filhos. Isso abrange a educação escolar e a informal. O presente tema foi motivado pelas implicações que levam à ausência da participação da família no contexto escolar, que está, a nosso ver, diretamente ligada com a inserção da mulher no mercado de trabalho. Para a análise bibliográfica acerca da historiografia da mulher apoiamo-nos em autores como Beauvoir (1970), Badinter (1985, 1986), Engels (1984,1987, 2008), Luxemburgo (1914), Marx (1996), Hobsbawm (1995) e Safiotti (1987). Ainda com ênfase na Análise de Discurso mobilizamos noções teóricas que julgamos importantes para compreender como a mulher comparece no imaginário escolar. Inclinamos nosso olhar na análise das representações imaginárias construídas para a mãe do aluno, (mulher, mãe, trabalhadora), observando o funcionamento dos sentidos. Para isso, construímos um corpus constituído de um material na forma de uma pesquisa produzida pela empresa Itaú Social, intitulada Pesquisa Relação Família-Escola: Estudos de Casos em Rede, publicada em outubro de 2018. A ideia consistiu em analisar as falas dos participantes da referida pesquisa (gestores, professores, alunos e mães) a fim de compreender as representações imaginárias sobre a mulher. Entre outros, a pesquisa apontou que, na representação imaginária da escola, a mulher é responsabilizada pela vida escolar dos filhos e, ao mesmo tempo, desqualificada por um imaginário que se apoia na lógica do patriarcado. Já nos enunciados (mãe e filho) são enfatizadas as razões pelas quais as mães não participam da vida escolar de seus filhos, apontando a situação difícil, precária, nas quais as mulheres-mães-trabalhadoras vivem.