Cartas ao vento em rastros de afetos: narrativas de professores da educação infantil

Abstract

Uma pesquisa. Uma dissertação. Uma composição... que se engendra nos movimentos de uma pesquisa com Educação Matemática, formação continuada e professoras da educação infantil, fora do espaço da educação institucionalizada, fora do espaço de formação continuada, no entre com questões que levantaram poeira e causaram desassossegos: O que narram as professoras das formações que participam? De que maneira suas práticas com a matemática são atravessadas pela formação continuada? Como são afetadas pela formação? Que considerações fazem dos encontros formativos? Questões que mobilizam a pesquisa a investigar como professoras da educação infantil percebem o ensino da matemática e trajetórias formativas. Questões tateantes, com uma pesquisa no modo cartografia, uma pesquisa outra, no modo caminhante, por rizomas, desterritorializações, linhas de fuga, fluxos outros, que em encontros moventes, ganham velocidades, intensidades, no acontecer de uma pesquisa no modo carta, como produção de dados. Um modo cartas, que caminha junto com professoras da educação infantil numa produção de aberturas de episódios e de vivências lidas em suas escritas. Uma troca de cartas entre pesquisadora e professoras produz afetos, amizades, deslocamentos, acontecimento, desejos, experimentações e conversas. Conversas que entram pelas fissuras, que escorrem, ganham intensidades ao se movimentarem em suas escritas com o currículo, com a criança, com a infância, com a matemática, com a formação e educações matemáticas e muitas coisas outras pelo meio, como modos de afetações. As escritas das professoras nos movimentam a pensar que afetos produzem a matemática dominante? O que podem outros modos de viver, de produzir a matemática? Pelo caminho pensamos uma infância da matemática, como possibilidades de invenções numa matemática maior, que, ao se desterritorializar, possibilita aberturas para uma matemática menor, com aprendizagens outras. Essa escritura de dissertação mobiliza alguns encontros com Deleuze e Guattari (1997;1995), Deleuze e Parnet (1998), D’Ambrósio (2012), Skovsmose (2014), Benjamin (1995), Clareto e Miarka (2014), Freire (2021), Rolnik (2016) Larrosa (2020), Kohan (2019), Deleuze (2020), Gallo (2003), Masschelein e Simons (2021), Levy (2016) entre outros encontros, que movimentam essa escritura de dissertação. Uma dissertação no entre com outros pensares: O que podem outros modos de formação continuada? O que pode uma formação continuada e educação matemática pensada a partir da filosofia da diferença, pelo fora? O que pode o ofício de ser professora fora do território dado, da palavra de ordem em território dominado pelo que se entende do ser professora? As questões que causam desassossegos se afastam do já dado, do formato, da fôrma, da forma, das dominações, para pensar outros modos. Modos que pensam formação continuada como linhas: formação como experiência; formação inventiva; formação menor e deslocamentos de um território, sempre como aberturas. O que pode uma política menor de formação? O que podem outros modos inventados de formação de professoras de crianças pequenas? Conversas com professoras atravessadas por formação continuada e educação matemática, não para delimitar um território, ou dizer como fazer formação, mas, sobretudo, desterritorializar os territórios existenciais que colocam a formação continuada de professoras da educação infantil e pensar modos outros de vivê-la.