A formação dos licenciandos em pedagogia para atuar com estudantes surdos nos anos iniciais do ensino fundamental

Abstract

Embora a legislação assegure os direitos da educação para os estudantes surdos num contexto inclusivo, as políticas públicas ainda precisam ser efetivadas para o atendimento desse público e ainda há barreiras formativas e de acessibilidade didático-pedagógicas no ambiente escolar. Essas questões precisam ser discutidas, visando à formação integral desses estudantes, conforme preconizam a Base Nacional Comum Curricular (2017) e a legislação vigente. Nesse contexto, esta pesquisa destaca a formação inicial dos licenciandos em Pedagogia que atuarão com alunos surdos no ensino fundamental, quando terão a possibilidade de desenvolver sua prática com estratégias que favoreçam o desenvolvimento da aprendizagem desses alunos, de forma global. A investigação se baseou no seguinte problema: Como a formação inicial ofertada na graduação em Pedagogia forma o licenciando para atuar com estudantes surdos dos anos iniciais do ensino fundamental? Como objetivo geral, buscou-se investigar como a formação inicial ofertada na graduação em Pedagogia forma o licenciando para atuar com crianças surdas. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, empregando o uso de documentos. A fundamentação teórica foi baseada em autores como: Bardin (1977), Nóvoa (1992), Capovilla (2000), Minayo (2002), Tardif (2002), Quadros (2006), Gil (2008), Strobel (2009), entre outros. Foram utilizados documentos legais, como: Constituição Federal (1988), Lei nº 9.394/96, Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, Lei nº 10.436/2002, Decreto nº 5.626/2005, Lei nº 13.146/15, entre outros. A população e a amostra correspondem a seis professores do Curso de Pedagogia de uma instituição de ensino superior pública no município de Ji-Paraná/RO e 17 acadêmicos do 7º período do referido curso. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), em 06 de abril de 2022, sob o número CAEE: 56324022.2.0000.5300. Como instrumentos para a coleta de dados foram utilizadas entrevistas semiestruturadas e questionários, além do Projeto Pedagógico do Curso (2018). Os dados foram tratados com auxílio da análise de conteúdo, organizados por categorias criadas a posteriori. Os resultados demonstraram que os docentes definem a educação inclusiva com clareza e compreendem seus desafios. Houve convergências quanto às falhas no processo inclusivo conforme define a legislação, sendo a formação dos docentes uma delas. O curso analisado oferta três disciplinas que abordam conteúdos específicos para a educação de estudantes surdos, sendo uma obrigatória e duas optativas. Há também a oferta de um estágio em educação inclusiva e de uma disciplina que aborda a inclusão de forma transversal, fornecendo base para a compreensão das deficiências no contexto geral. Embora tais disciplinas auxiliem no conhecimento do sujeito surdo, o tempo e a amplitude dos conhecimentos proporcionados pela formação inicial são insuficientes para construir o arcabouço de saberes necessários a um profissional especializado na educação de surdos, havendo a necessidade de fortalecer e intensificar a formação continuada dos professores, a fim de aprimorar seu processo formativo, com vistas a atender às especificidades dos estudantes com surdez.